Embrapa prevê cheia rigorosa e orienta retirada de bois das regiões baixas
Volume de chuva registrado nos últimos meses incentivou pesquisa que identificou chances da cheia ser superior
A Embrapa Pantanal divulgou comunicado, na manhã desta quarta-feira (28), alertado para o risco da cheia deste ano ser ainda mais rigorosa na região pantaneira. De acordo com a publicação, a recomendação do órgão é para que seja feita a retirada dos rebanhos bovinos de fazendas da região do baixo Pantanal.
Um laudo técnico entregue, na semana passada, ao Sindicato Rural de Corumbá – distante 418 quilômetros da Capital – já orientava a retirada dos animais dessa região, que abrange fazendas nas sub-regiões do Abobral (Miranda, Negro, Aquidauana), Nabileque (incluindo o Jacadigo) e Paraguai (entre as morrarias do Amolar e Urucum).
Em propriedades de outras regiões do bioma, a recomendação é que ao menos metade do rebanho seja deslocada para áreas mais altas. A medida foi adotada após análise dos resultados colidos por meio da comissão montada pelo chefe-geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara, constituída pelos pesquisadores Carlos Padovani, Urbano Gomes, Ivan Bergier e coordenada pelo também pesquisador José Aníbal Comastri.
De acordo com as informações do documento emitido pela instituição, a inundação deste ano atingiu uma área total de cerca de 40 mil km2 até o mês de fevereiro. As áreas do médio e baixo Pantanal são as mais sujeitas aos impactos das grandes enchentes.
Ainda de acordo com a instituição, as águas das chuvas de verão, registradas entre os meses de outubro e março, regulam a dinâmica hidrológica no bioma e, por isso, quando essas chuvas são volumosas, espera-se um alagamento relativo maior e mais duradouro. Com isso, a expectativa é de que a régua de Ladário, no Rio Paraguai, atinja de 4,81 a 5,78 metros em 2018, com estimativa de área de inundação entre 71 e 90 mil km² em toda a planície pantaneira.
"Vai afetar justamente uma região onde algumas propriedades praticam cria e outras a engorda de animais", esclarece o pesquisador José Aníbal Comastri. "É um solo extremamente argiloso que, na época das águas, fica como se fosse uma esponja, uma cola. Neste período, os bezerros mais novos ficam vulneráveis e podem morrer se o rebanho não for retirado com antecedência", completou.