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Interior

Empresário diz que PF e Exército aprovaram documentos de compradores de fuzil

Em nota oficial, Claudinei Tolentino Marques disse que deixou Federal Armas no início deste ano

Helio de Freitas, de Dourados | 25/07/2023 17:41
Policiais deixam loja Federal Armas carregando caixas com fuzis, hoje de manhã (Foto: Adilson Domingos)
Policiais deixam loja Federal Armas carregando caixas com fuzis, hoje de manhã (Foto: Adilson Domingos)

O empresário douradense Claudinei Tolentino Marques, 41, transferiu para a Polícia Federal e para o Exército Brasileiro a responsabilidade pelo fornecimento de fuzis que tenham eventualmente parado nas mãos do crime organizado. Em nota oficial, ele afirmou que as vendas só eram feitas após autorização da PF e dos militares.

Alvo de operação do Dracco (Departamento de Repressão a Corrupção e ao Crime Organizado) acusado de venda ilegal de armamento de uso restrito, ele disse que sua empresa, a Federal Armas, fazia apenas a comercialização dos fuzis e que a aprovação dos documentos dos compradores cabe à PF e ao Exército. Claudinei alega ainda que não faz mais parte da sociedade da loja.

Na manhã de hoje (25), sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Dourados. Entre os locais revistados estavam a sede da Federal Armas na Avenida Hayel Bon Faker, no Jardim Rasselen, a casa onde Claudinei Tolentino mora atualmente e endereços de clientes da loja. Um mandado também foi cumprido em Ivinhema.

Balanço divulgado no início da tarde revelou que foram apreendidos 28 fuzis calibre 5,56, duas pistolas 9mm, uma submetralhadora 9mm, uma espingarda calibre 357, uma espingarda calibre 12 e diversos carregadores.

Além da suspeita de sonegação de impostos na comercialização de armamento, armas adquiridas da loja de Dourados foram parar nas mãos de um traficante de drogas condenado a 24 anos de reclusão e foragido da Justiça do Paraná. Ele foi capturado em junho deste ano em Balneário Camboriú (SC) com fuzil, pistolas e revólver vendidos pela Federal Armas.

A empresa douradense também é suspeita de continuar vendendo fuzis mesmo após o comércio desse tipo de arma ser proibido em todo o país, o que ocorreu em setembro de 2022.

Defesa - “Na data de hoje houve o cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência de Claudinei e na empresa Federal Armas, da qual fora sócio até o início deste ano, em medida totalmente desnecessária e desproporcional, uma vez que nunca fora chamado para prestar qualquer esclarecimento perante a autoridade policial estadual”, afirma a nota, assinada pelos advogados Jail Benitez de Azambuja e Sergio Henrique Resende Lanzone.

Segundo a defesa, na residência do empresário foi apreendido somente um fuzil adquirido em agosto do ano de 2022, “devidamente documentado, sendo inteiramente desconhecido o motivo de tal apreensão”.

Claudinei Tolentino esclareceu ainda que é empresário no ramo da construção civil há 17 anos e que nunca praticou, enquanto esteve à frente da empresa Federal Armas, qualquer irregularidade. “Tal atividade é totalmente controlada e fiscalizada pelo Exército e Polícia Federal, não havendo notícia, tampouco acusação, de que tenha sido comercializada, enquanto esteve no comando de referida empresa, qualquer arma sem autorização de tais órgãos”.

O empresário afirma que sempre se colocou à disposição das autoridades competentes para prestar esclarecimentos, “não justificando ser submetido à busca e apreensão em sua residência, no recanto de sua família, para apreender somente uma arma legal e documentada”.

Sigilo – A nota segue: “Lamenta que o nome pessoal tenha sido vazado para a imprensa, não obstante a segredo de justiça do processo, com danos irreversíveis à imagem e honra pessoal e de sua família. Quanto a pessoas inidôneas que tenham adquirido armas, consigna que não possui relacionamento pessoal com tais pessoas suspeitas”.

Conforme os advogados, a regularidade da documentação de quem pretende adquirir a arma é submetida à fiscalização da Polícia Federal e do Exército, “sendo atribuição da empresa apenas desencadear a aquisição e venda”.

A defesa encerra a nota afirmando que não houve qualquer medida judicial em relação às empresas das quais Claudinei Tolentino Marques integra e que houve diligência somente na empresa Federal Armas, “da qual não faz mais parte do grupo empresarial respectivo, e, atualmente, não pratica qualquer ato de gerenciamento, administração da mencionada empresa”.

Consulta ao site “Casa dos Dados” mostra que a Federal Armas está registrada em nome Ana Carolina Novelli Brassaroto Marques, ex-mulher de Claudinei. A mudança de sócio administrador ocorreu em março deste ano. As buscas cumpridas hoje receberam parecer favorável do Ministério Público e foram autorizadas pelo Poder Judiciário.

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