Ex-vereador é preso em ação contra grilagem
Ademir César Mattoso foi autuado por fraude processual, desobediência e comunicação falsa de crime
O ex-vereador Ademir César Mattoso foi preso em flagrante durante as buscas feitas nesta terça-feira (7) pela Polícia Federal em Ponta Porã (a 313 km de Campo Grande), no âmbito da Operação Bárbaros.
César Mattoso, o vereador Raphael Modesto Carvalho Rojas (PSDB) e pelo menos três assessores parlamentares foram alvos de mandados expedidos pela Justiça Federal. A investigação é sobre suposta grilagem de lotes que fazem parte do patrimônio da União.
Buscas foram feitas inclusive no gabinete de Raphael Modesto, na sede da Câmara. Ele foi afastado das funções públicas por 180 dias. Durante as buscas, César Mattoso, que foi vereador de 2013 a 2016, foi preso em flagrante por fraude processual, desobediência e comunicação falsa de crime.
No balanço da operação, divulgado no início desta tarde, a PF informou que durante as buscas, os agentes federais apreenderam 9 quilos de materiais, entre celulares, contratos imobiliários, contratos de compra e venda, procurações, cerca de R$ 10 mil em dinheiro vivo, mapas com localização de lotes, mídias, orçamentos de materiais de construção e carnês de pagamento.
Fonte ouvida pela reportagem disse que o tipo de material apreendido – principalmente contratos de compra e venda, mapas dos lotes e carnês de pagamento – indica forte esquema de comercialização de terras da União.
A operação investiga crimes de invasão de terras da União, corrupção, advocacia administrativa, tráfico de influência, falsidade documental e estelionato. O caso começou a ser apurado após fiscalização da Superintendência do Patrimônio da União constatar ocupações irregulares em imóveis de propriedade do Estado brasileiro.
Câmara – Nesta tarde, a Câmara de Vereadores de Ponta Porã divulgou nota oficial sobre a operação. Sem citar o nome de Raphael Modesto, a Câmara disse que os policiais federais apreenderam documentos no gabinete de “um vereador”.
“Tão logo soube da operação policial, o presidente da Casa de Leis, Candinho Gabínio, determinou à Procuradoria Jurídica que acompanhasse os trabalhos, prestando o suporte necessário aos agentes federais”, afirma a Câmara.
O Legislativo informou que já foi comunicado oficialmente do afastamento de Raphael Modesto por 180 dias. “Importante ressaltar que a Câmara Municipal de Ponta Porã não tem qualquer envolvimento com os atos ora investigados”.
O suplente Jorge Alves dos Santos, o Jorginho da Saúde (PSDB), que teve 581 votos na eleição de 2020, será convocado nos próximos dias para assumir a vaga.
“Esta Casa de Leis manterá os trabalhos normalmente. Tanto que, na manhã desta terça-feira, enquanto a Polícia Federal efetuava os trabalhos no gabinete do parlamentar, os demais vereadores e vereadoras estavam participando da sessão ordinária realizada sempre nas terças-feiras, pela manhã”, diz a nota da Câmara.