"Faço tudo por ele e esse é o pagamento?", chora mãe após tortura de animais
Pais estavam dormindo quando adolescente fez a transmissão ao vivo em chat
Extremamente abalada, a mãe do adolescente que foi apreendido na segunda-feira (19) por maus tratos a animais em Água Clara, cidade a 193 km de Campo Grande, ainda tenta digerir a triste surpresa que teve ontem (19). Aos 46 anos, ela contou que o nunca imaginou que o filho faria uma coisa dessas e que não sabia desse grupo o qual o filho fazia parte. O garoto é considerado um menino bonzinho, quieto, que só saía na companhia dela, porém só tinha amizades virtuais.
Quando tudo aconteceu, no último domingo (18), os pais estavam em casa, dormindo. Ela só ficou sabendo no dia seguinte com a chegada da polícia. “Passei à tarde com meu marido, aposentado de 77 anos, no hospital. Cheguei em casa por volta das 17h, organizei algumas coisas e fui dormir. Ele [filho] tinha ido dormir também. Não ouvi nada. Barulho nenhum, nem do papagaio”, contou.
Segundo ela, o garoto estava sozinho em casa. As vozes seriam da própria live, dos amigos incentivando. “Ele queria ganhar status no grupo. Pagar de gostosão com os amigos. Agora está aí. Não tem um amigo desses aqui com ele. Quem sofre sou eu. Ele só vai ficar uns dias assustado”, reclamou.
“Eu não aceito isso. Não estou apoiando essa sem vergonhice dele. Eu sou mãe e quero o melhor pra ele. Jamais queria meu filho fazendo uma barbaridade dessas. Eu não tenho tempo de ficar ensinando o que não presta para o meu filho. Não sabia que ele estava nesse jogo maldito. Estou extremamente abalada. Não consigo dormir, nem comer”, lamentou aos prantos.
A mulher ainda esclareceu que a churrasqueira, a qual ele coloca a ave durante a filmagem, estava apagada. O papagaio fazia parte da família desde novembro do ano passado e realmente a família não tinha documento da ave.
O vídeo chegou as autoridades após a ativista Luísa Mell postar as imagens em suas redes sociais pedindo ajuda para achar o autor.
“Tenho vários problemas para cuidar. Problemas de covid na família, preciso trabalhar, mas não estou em condições. Faço de tudo por ele e o pagamento que ele me dá é isso. Se bater eu ainda estou errada. Não pode nem corrigir o filho da gente se não vem conselho tutelar. Não sei que atitude tomar. Isso dói demais. Além de ter que pagar uma multa que nem sei como vou pagar, ainda vou ficar sem meus bichinhos”, contou em meio a choro.
A mulher foi autuada e multada em R$ 9 mil pela PMA (Polícia Militar Ambiental), sendo R$ 5 mil por manter o papagaio em cativeiro ilegalmente. Pelos maus tratos praticados pelo filho houve multa de R$ 3 mil referente ao papagaio e R$ 1 mil pelo crime contra a cadela. As multas somam R$ 9 mil. O adolescente foi ouvido e liberado. Ele responderá em liberdade pelo ato infracional.
A cadela está sob os cuidados de outra pessoa na cidade. Já a ave foi encaminhada ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) em Campo Grande.