Funcionários reclamam corte de café da manhã em indústria de celulose
A partir da próximo domingo (15), funcionários e prestadores de serviço da indústria de papel e celulose Fibria não contarão mais com o café da manhã, oferecido pela empresa desde a instalação da unidade há seis anos, em Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande. Essa é uma das três empresas do setor no município, alvo de ação na Justiça por não fechar acordo para reajuste salarial, no ano passado.
A informação, passada pela empresa na última sexta-feira (6), surpreendeu os empregados, que consideram a atitude um retrocesso. O café é servido as 8h para cerca de 120 funcionários do setor administrativo, outros 180 da manutenção e produção de celulose, além de terceirizados, segundo o presidente do Sititrel (Sindicato das Trabalhadores nas Indústrias de Papel e Celulose), Almir Morgão.
Apesar de ficar a disposição de todos os funcionários e prestadores de serviço, quem mais se beneficia com o serviço é o pessoal do administrativo, segundo Almir. Para ele, o café gera um gasto pequeno em relação ao porte da indústria, que é uma das maiores do Brasil no setor.
“Infelizmente a Fibria vem tendo atitudes retrógradas que desapontam, desestimulam o trabalhador e apequena sua história diante da sociedade. Uma empresa que já foi motivo de orgulho, hoje, constrói uma imagem negativa”, lamenta o presidente da entidade. Segundo ele, a empresa anunciou também o corte do café da manhã das unidades em Jacareí, município da região metropolitana de São Paulo e em Aracruz, no Espírito Santo.
Almir explica que o café não está previsto no acordo coletivo e, portanto, não é obrigação da empresa. No entanto, ele acredita que não há necessidade de suspender o serviço. “É uma surpresa para nós, apesar de o café ser uma liberalidade, que não consta no acordo coletivo. Mas a gente entende que não tem necessidade de cortar algo que é ofertado desde a criação da unidade”, comenta.
Por meio da assessoria de imprensa, a Fibria informou que se manifestará, em breve, com posicionamento acerca da informação divulgada pelo Sititrel.
Sem acordo - Em outubro de 2014, os funcionários da Fibria e das duas outras com unidade no município, a Eldorado Brasil e a International Paper, fizeram protestos pedindo reajuste salarial de 8,33%, que daria aumento real de 2%. No entanto, as empresas ofereceram acréscimo de 7%, que representa 0,63% de ganho real.
As empresas não cederam e o caso está na Justiça do Trabalho. Uma audiência em Campo Grande, que estava marcada para o dia 26 de fevereiro, foi adiada para o dia dois de março deste ano, segundo Almir.