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Interior

Governo de MS pede Força Nacional contra invasões em Aquidauana

Tropas de Campo Grande e da região estão desde o dia primeiro em duas áreas, depois da retirada de índios Kinikinau

Marta Ferreira | 12/08/2019 16:25
Parte dos policiais está na sede da fazenda Paraíso. (Foto: Direto das Ruas)
Parte dos policiais está na sede da fazenda Paraíso. (Foto: Direto das Ruas)

Mato Grosso do Sul vai pedir ao governo federal o envio de tropas da Força Nacional de Segurança para a região de Aquidauana, município a 135 quilômetros de Campo Grande, onde contingente da Polícia Militar está desde o dia 1º de agosto, quando grupo de 200 índios foram retirados, sem ordem judicial, da Fazenda Água Branca, reivindicada como terra da etnia Kinikinau, hoje sem aldeia demarcada. A justificativa da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurana Pública) é de que há risco de novas invasões e a distância da propriedade da cidade, em torno de 80 quilômetros, “não permite que ocorra o deslocamento em tempo hábil”.

Reportagem do Campo Grande News nesta segunda-feira (12) mostrou que há pelo menos 30 policiais distribuídos entre a Fazenda Paraíso e a Água Branca, que são vizinhas. A Sejusp não confirma o tamanho do contingente. Afirma, apenas, que “mantém um efetivo na região em pontos estratégicos”.

A Secretaria, diz, ainda, que os policiais estão fazendo “diligências na região para apurar os crimes praticados”, apesar da função de investigação ser, legalmente, da Polícia Civil e não da Militar. Conforme a investigação feita pelo Campo Grande News, os homens enviados para a região são do Bope (Batalhão de Operações Especiais), do Batalhão de Choque, da Cavalaria de Campo Grande, da Polícia Militar Rodoviária Estadual e das unidades da região, como Jardim e Aquidauana.

Houve indagação, por parte da reportagem, sobre até quando a mobilização vai permanecer, mas a reposta foi outra.

“A Secretaria já está formalizando um pedido ao Governo Federal para que encaminhe equipes da Força Nacional para atuar na região”, diz a nota enviada pela Sejusp.

Também não houve resposta se está havendo ajuda dos proprietários das fazendas para manter a tropa no local. A apuração feita indica que na Paraíso, os donos estão bancando alimentação, além da hospedagem.

A Água Branca está em nome da Fundação Bradesco, que foi procurada quando houve o despejo dos índios, mas não se manifestou. A Paraíso pertence ao espólio do empresário Ugo Furlan, falecido no fim do ano passado. A família foi procurada, mas também não se posicionou ainda sobre a situação.

"Não precisa" - A presença do reforço policial é questionada por lideranças indígenas da região. Para elas, não há risco de invasão nem conflito. A informação apurada é que caciques de sete aldeias vão pedir providências ao MPF (Ministério Público Federal), responsável pela defesa dos índios conforme previsto na Constituição Federal.

A reportagem pediou posicionamento do MPF em Campo Grande, e ainda não recebeu resposta.

Não há processo oficial de demarcação de terras indígenas nas terras citadas, mas existem estudos antropológicos indicando que houve presença da etnia Kinikinau por lá. Como não há ligítio judicial, a Sejusp afirma que agiu porque houve crimes de invasão de propriedade particular, além de furto qualificado, ameaça e crime ambiental. Corporação que age em casos de disputa por terra quando há índios envolvidos, a Polícia Federal validou a ação.

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