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Interior

Índios decidem deixar fazenda Buriti, mas cenário é de destruição

Evelyn Souza e Aliny Mary Dias, de Sidrolândia | 06/06/2013 08:08
Sede da Buriti queimada durante desocupação de quinta-feira passada. (Foto: Cleber Gello)
Sede da Buriti queimada durante desocupação de quinta-feira passada. (Foto: Cleber Gello)

A fazenda Buriti, alvo da disputa por terras entre índios e fazendeiros, amanheceu vazia e silenciosa na manhã desta quinta-feira (06), em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande.

O Campo Grande News esteve hoje pela manhã no local, mas já não havia nenhum acampamento terena. Tudo foi desmontado. O que restou, foi o cenário de destruição. A maioria dos prédios foi queimada já durante o processo de reintegração de posse, na semana passada.

Os índios resolveram sair or conta de acordo feito ontem com o Ministro da Justiça, mesmo amparados pela decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) que derrubou ontem liminar de reintegração que beneficiava o ex-deputado Ricardo Bacha.

A casa da sede e a capela da propriedade ficaram parcialmente destruídas. Cinzas ainda estão pelo chão. Hoje pela manhã, o comandante da PM (Polícia Militar), coronel Carlos Alberto David dos Santos, disse que vai se reunir com a Força Nacional para discutir estratégias para tropa, que vai atuar na zona de conflito.

Parte dos militares chegou a Campo Grande na manhã de ontem. Ao todo, são 110 militares da Força Nacional e mais 100 Policiais Federais de várias regiões do país.

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que esteve ontem em Campo Grande e sobrevoou as regiões invadidas pelos índios, informou durante coletiva de imprensa, que a Força Nacional ficará no Estado por tempo indeterminado.

Hoje lideranças indígenas Terena irão a Brasília para uma reunião com a presidente Dilma Roussef, para discutir assuntos sobre as demarcações.

Alvo da disputa, a terra Buriti tem nove aldeias, num total de 2.600 hectares. Localizada na área declarada, a fazenda é do ex-deputado Ricardo Bacha. O local foi invadido pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local. Mas a reintegração não foi cumprida e no dia 18 a decisão acabou suspensa até quarta-feira, quando foi realizada audiência na Justiça Federal.

Novamente sem acordo, a PF (Polícia Federal) e a PM (Polícia Militar) cumpriram a reintegração de posse. Os índios resistiram e houve conflito. A ação durou nove horas: das 6h às 15h. A situação se acirrou com a morte do índio Oziel Gabriel, de 35 anos. Ele foi baleado no abdômen e morreu no hospital de Sidrolândia.

O índio terena Josiel Gabriel Alves, 34 anos, também foi ferido durante invasão. Ele levou um tiro nas costas na noite de terça-feira (04) e está internado na Santa Casa de Campo Grande. Ontem o diretor técnico do hospital, informou que o indígena pode ter sequelas neurológicas.

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