Informada sobre liminar do STF, PF recua e cancela despejo de índios
Pelo menos 200 policiais e dois helicópteros foram mobilizados, mas voltaram antes de chegar às áreas invadidas em Caarapó
A Polícia Federal cancelou a reintegração de posse de duas fazendas invadidas por índios há quase dois anos no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande. Ao Campo Grande News, o delegado federal que chefiava a operação, Denis Colares, disse ter tomado a decisão após ser informado pela Superintendência que o STF (Supremo Tribunal Federal) iria suspender a ordem de despejo.
Pelo menos 200 policiais federais e homens da tropa de choque da Polícia Militar foram mobilizados e seguiram de madrugada para Caarapó. Dois helicópteros também foram acionados para dar apoio. As equipes chegaram até a entrada das fazendas ocupadas pelos índios quando decidiram recuar. Os deputados federais Zeca do PT e Vander Loubet (PT) e o deputado estadual João Grandão (PT) estavam no local em apoio aos índios.
“Estávamos bem perto, mas o superintendente nos avisou que iriam suspender, por isso preferimos voltar”, afirmou Colares. Ontem à noite, o coordenador da Funai em Dourados, Fernando Souza, disse que o pedido de liminar para suspender o mandado de reintegração estava na mesa da ministra Cármem Lúcia, presidente do STF. Ela teria assinado o documento de madrugada.
Na sexta-feira (6), outro delegado da PF, Luiz Carlos Porto, enviado de Brasília para negociar uma saída pacífica, disse que não teve acordo com a comunidade e que o despejo forçado era a última saída.
As áreas fazem parte de 11 propriedades invadidas em junho de 2016, após o confronto entre índios e fazendeiros. O agente de saúde indígena Clodiodi Aquiles de Souza, 23, foi morto a tiros e outros seis índios ficaram feridos. O conflito ocorreu na fazenda Yvu, que também está ocupada.
“Tentamos de todas as formas convencer a comunidade sobre a importância de se evitar a reintegração com força policial, que é sempre muito traumática. Os índios têm um orgulho pela terra e isso dificulta a saída. Eles entendem que a ordem judicial não tem de ser cumprida por estarem nas terras que sempre lhes pertenceram”, afirmou Porto.