Líder do MSTB preso por incêndio criminoso é levado para penitenciária
Vanildo Elias de Oliveira foi preso ontem ao procurar atendimento médico em Miranda e autuado em flagrante em Dourados
Principal líder do MSTB (Movimento dos Sem-Terra do Brasil) em Mato Grosso do Sul, Vanildo Elias de Oliveira, 43, o Douglas, foi levado nesta manhã para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Ele foi preso ontem (20) em Miranda, quando era atendido no hospital após ser espancado durante tentativa de invasão de uma fazenda.
Vanildo é acusado de uma série de crimes que teriam sido cometidos segunda-feira (18) em Dourados, quando um oficial de Justiça e policiais militares tentavam cumprir mandado de reintegração de posse em uma fazenda reivindicada há três anos pelos sem-terra. A fazenda pertence à família do pecuarista José Carlos Bumlai.
O delegado Adilson Stiguivitis, titular da 1ª Delegacia de Polícia, disse que o líder sem-terra foi autuado em flagrante por incêndio criminoso, incitação ao crime, ameaça, desordem, associação criminosa e crime ambiental, já que os sem-terra, incitados por ele, teriam ateado fogo em uma área de preservação permanente da fazenda, na saída de Dourados para Ponta Porã, na margem da BR-463.
Membros do MSTB, que protestaram hoje em frente à delegacia onde Vanildo estava, afirmam que o líder do movimento foi preso sem ordem judicial. Entretanto, o delegado explica que ele foi atuado em flagrante, como mostra o vídeo abaixo, já que as buscas não foram interrompidas desde segunda-feira.
Nas imagens é possível Vanildo entrando com dificuldade na viatura, com expressão de dor. Diego Ferreira, líder do MSTB em Dourados, disse que Vanildo foi torturado por jagunços dos fazendeiros de Miranda.
Incêndio – De acordo com a ocorrência policial, na segunda-feira, quando um oficial de Justiça e policiais militares foram até a fazenda ocupada pelos sem-terra, na saída para Ponta Porã, Vanildo Elias teria incitado as famílias a colocar fogo na vegetação para impedir o despejo. Ele também é acusado de provocar um prejuízo de R$ 2 milhões por causar a destruição de 300 hectares de plantações e matas.
Há pelo menos três anos os sem-terra do MSTB reivindicam a desapropriação das terras, que pertencem aos filhos do pecuarista José Carlos Bumlai. Eles já foram despejados e voltaram a ocupar as terras por várias vezes nos últimos meses.
Em março, após mais uma reintegração das fazendas, eles chegaram a invadir a Usina São Fernando, até então administrada pelos filhos de Bumlai. Após a falência judicial decretada em junho, a indústria é tocada por um administrador judicial. Os sem-terra alegam que existe uma portaria do governo federal que prevê a desapropriação de terras de grandes devedores da União.