Líder do MSTB é preso por incitar incêndio em fazendas invadidas
Vanildo Elias de Oliveira foi preso em Miranda ontem de manhã e trazido para Dourados, onde é acusado de uma série de crimes
Trabalhadores rurais ligados ao MSTB (Movimento dos Sem-Terra do Brasil) protestam nesta quinta-feira em frente à 1ª Delegacia da Polícia Civil, em Dourados, a 233 km de Campo Grande, onde está preso desde ontem o principal líder do grupo em Mato Grosso do Sul, Vanildo Elias de Oliveira, o Douglas.
Acusado de uma série de crimes em Dourados por incitar trabalhadores sem-terra a resistir a uma ordem judicial de reintegração de posse de duas fazendas na BR-463, saída para Ponta Porã, Vanildo foi preso ontem em Miranda por agentes do SIG (Serviço de Investigações Gerais) e encaminhado para Dourados. A prisão dele foi a causa dos bloqueios de três rodovias federais ocorrido ontem em Dourados, Anastácio e Nioaque.
Os sem-terra cobram a libertação de “Douglas” e afirmam que ele não cometeu nenhum crime. “Teve uma reintegração em Miranda, aí as famílias tentaram ocupar outra área e o Douglas foi sequestrado e torturado pelos fazendeiros. Quando era atendido no hospital foi preso e trazido para Dourados”, afirmou ao Campo Grande News um líder do MSTB que participa do protesto.
Incêndio – De acordo com a ocorrência policial, na segunda-feira, quando um oficial de Justiça e policiais militares foram até as duas fazendas ocupadas pelos sem-terra, na saída para Ponta Porã, Vanildo Elias teria incitado as famílias a colocar fogo na vegetação para impedir o despejo.
Acusado de provocar um prejuízo de R$ 2 milhões por causar a destruição de 300 hectares de plantações e matas, Vanildo Elias de Oliveira foi autuado em flagrante por organização criminosa, incêndio criminoso, incitação ao crime, desobediência judicial, por destruir floresta de preservação permanente, dano qualificado e ameaça.
Há pelo menos três anos os sem-terra do MSTB reivindicam a desapropriação das terras, que pertencem aos filhos do pecuarista José Carlos Bumlai. Eles já foram despejados e voltaram a ocupar as terras por várias vezes nos últimos meses.
Em março, após mais uma reintegração das fazendas, eles chegaram a invadir a Usina São Fernando, até então administrada pelos filhos de Bumlai. Após a falência judicial decretada em junho, a indústria é tocada por um administrador judicial.