Advogado de Bumlai contesta sem-terra e diz que juiz requisitou policiamento
Em nota, escritório de advocacia anunciou medidas judiciais contra líder do MSTB que chamou donos de usina e fazenda de “ladrões”
O advogado André de Carvalho Pagnoncelli chamou de “afirmações caluniosas” as declarações feitas hoje (16) pelo líder do MSTB (Movimento Sem-Terra do Brasil), Douglas Elias, durante protesto em frente ao local onde ocorre a assembleia de credores da Usina São Fernando, em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.
A usina pertence à família do pecuarista José Carlos Bumlai, condenado na Operação Lava Jato e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante o protesto, Douglas Elias chamou os donos da usina e da fazenda São Marcos, que pertence aos filhos de Bumlai, de “ladrões” e criticou a presença de 60 policiais militares no local para impedir o acesso dos sem-terra à assembleia dos credores.
“O Sr. Douglas Elias, que se autodenomina líder de um movimento de trabalhadores, já foi condenado por descumprimento de ordem judicial e, atualmente, é réu em ação de execução exatamente por descumprir reiteradamente diversas ordens judiciais, o que revela conduta contumaz de desrespeito às instituições democráticas e ao estado de direito, revelando que a sua ação é ilegal e ilícita”, afirma André Pagnoncelli, em nota.
Ele também contesta a afirmação de Douglas Elias de que a Polícia Militar foi ao local sem ordem judicial, apenas para impedir a entrada dos trabalhadores sem-terra.
“A assembleia geral é assunto de interesse dos credores da São Fenando, que foram, oportunamente, habilitados a dela participarem. Ao contrário do afirmado pelo dito personagem, existe, sim, ordem judicial para garantir o reforço policial, devidamente emanada da autoridade judiciária responsável pela 5ª Vara Cível de Dourados, o que foi providenciado após o pedido formulado pelo administrador judicial”, diz a nota oficial.
À reportagem, André Pagnoncelli disse que está preparando uma queixa-crime contra Douglas Elias pelas declarações que fez hoje. “Ele não conhece meus clientes, mas continua falando que cometeram crimes, continua com ataques pessoais”.
Segundo o advogado, ao contrário do que o líder sem-terra afirmou, a assembleia não trataria da venda da fazenda São Marcos. “A propriedade não está sendo vendida nessa assembleia. Eles confundem tudo. A assembleia é para fazer uma repactuação das dívidas, não envolve a fazenda que ele [Douglas] anda invadindo”.
André Pagnoncelli disse que advoga para a Usina São Fernando – mas não atua no processo sobre a recuperação judicial – e para Fernando Bumlai, filho de José Carlos Bumlai e autor da ação de reintegração de posse da fazenda São Marcos.
PM – Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Polícia Militar informou que a presença de efetivo no local da assembleia da São Fernando foi orientação do juiz da 1ª Vara Criminal de Dourados, Rubens Witzel Filho.
“Como havia a possibilidade de ocorrer manifestações por parte de grupos ligados a movimentos sociais durante esse evento, foi procedida a ação preventiva por parte do comando do 3º BPM, que deslocou seus policiais para realizar a ação de presença com a finalidade de resguardar a integridade física das pessoas e do patrimônio”, afirmou a PM.
O tenente Jouzemar, que coordenou as equipes, avaliou a operação como “positiva” para garantir a tranquilidade no local. Os sem-terra se retiraram do local por volta de 11h. O administrador judicial ainda não se manifestou sobre o resultado da assembleia.