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Interior

Medidas de isolamento tiraram Batayporã e Nova Andradina do foco da covid-19

Na contramão, Três Lagoas apresenta aumento frequente de casos, perdendo apenas para Campo Grande

Lucia Morel | 06/05/2020 07:23
Em Nova Andradina, comércio ficou fechado por um período e retorno foi feito em 7 de abril, diante de medidas sanitárias. (Foto: Nova News)
Em Nova Andradina, comércio ficou fechado por um período e retorno foi feito em 7 de abril, diante de medidas sanitárias. (Foto: Nova News)

Batayporã e Nova Andradina, cidades de Mato Grosso do Sul que apresentaram no inicio da pandemia quadro preocupante do avanço da covid-19, aparentemente, estão conseguindo controlar a doença e mantêm sem alteração os números de infectados e de mortes, desde então.

Nos dois municípios, medidas restritivas são mantidas, mesmo diante da situação aparentemente controlada.O susto das 2 primeiras mortes em Batayporã, foi fundamental para o rigor nas ações.

O prefeito de Nova Andradina, onde vivem cerca de 54 mil pessoas, avalia que o município começou a atuar cedo contra a doença, mesmo antes dela chegar. E quando ela se apresentou, tomaram medidas ainda mais duras para que não se alastrasse.

O prefeito José Gilberto Garcia (PL) lembra que a primeira morte, em 31 de março, “pegou todos de surpresa”, já que se tratava de uma paciente vinda de Batayporã. Inesperado, o óbito acendeu o alerta, que permitiu a adoção de medidas mais eficazes de forma rápida.

“Fomos a primeira cidade a determinar que a população usasse máscara, fechamos o comércio, quase um lockdown mesmo e somente esta semana, ontem, segunda-feira, permitimos a reabertura de restaurantes, mesmo assim, somente até às 22 horas”, disse o prefeito.

Toque de recolher também foi adotado, entre 20 horas de um dia e 4 horas do outro, bem como houve ampliação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), de 10 para 20. “Compramos os famosos respiradores em fevereiro ainda”, relata Garcia.

Com apenas 11 casos registrados desde então, o município vai manter as medidas de restrição e conforme o prefeito, é apenas a “primeira etapa vencida” e enfatiza que ações continuam sendo feitas. “Neste fim de semana tivemos barreira sanitária nas três estradas de entrada e saída da cidade. Qualquer suspeito foi orientado a ficar em isolamento”.

Ações de combate continuam e barreira sanitária foi realizada no último fim de semana em Nova Andradina. (Foto: Prefeitura)
Ações de combate continuam e barreira sanitária foi realizada no último fim de semana em Nova Andradina. (Foto: Prefeitura)

Ele avalia que por Nova Andradina ser passagem comum de caminhoneiros e viajantes, os riscos se mantém e por isso, não é possível baixar a guarda.

Mesma avaliação é feita pela secretária de saúde de Batayporã, Marcela Leite Macedo. O município de 11 mil habitantes mantém o número de casos em seis desde o começo da pandemia, sendo duas mortes registradas.

“Para adotar qualquer medida, estamos acompanhando a curva de casos do Estado. Se não diminuir, as medidas restritivas vão continuar”, sustenta, ainda que o município esteja em uma situação controlada.

Centro de triagem foi instalado em Batayporã para selecionar casos suspeitos. (Foto: Prefeitura)
Centro de triagem foi instalado em Batayporã para selecionar casos suspeitos. (Foto: Prefeitura)

Assim que casos foram confirmados na cidade, ela conta que todas as ações possíveis foram adotadas, desde uso obrigatório de máscara, até desinfecção de ruas e restrição no comércio.

Para se ter uma ideia, festas e eventos continuam suspensos, igrejas funcionam com restrições, assim como restaurantes e pizzarias. “A gente continua cuidando. Não pode liberar, porque é preciso a prevenção, para que o vírus não volte”.

Município de Batayporã mantém obrigatoriedade de uso de máscaras. (Foto: Prefeitura)
Município de Batayporã mantém obrigatoriedade de uso de máscaras. (Foto: Prefeitura)

Na contramão – Ao contrário do que ocorre nesses dois municípios, em Três Lagoas, apesar de em ritmo lento, os casos crescem. A cidade só perde para Campo Grande em número de confirmados, tendo 67 positivos para covid-19 até hoje e três óbitos registrados.

Para a médica infectologista Mariana Croda, que é assessora técnica do COE (Centro de Operações de Emergência) da SES (Secretaria de Estado de Saúde), é preciso levar em conta a peculiaridade de cada cidade para avaliar as contradições.

“Três Lagoas é vizinha de São Paulo, que é a zona quente dentro das divisas de Mato Grosso do Sul. Esse corredor epidemiológico, como a gente chama, talvez seja o fator preponderante para que Três Lagoas esteja avançando no número de casos”, explica.

Batayporã e Nova Andradina também fazem divisa com São Paulo, mas em ponto menos atingido daquele estado, mais ao sul. As populações também são menores – Três Lagoas tem 110 mil habitantes. "As duas estão em regiões com surtos do novo coronavírus. Houve os casos, identificados os vínculos com os infectados, essas pessoas foram isoladas e parou a transmissão”, enumera.

O fato do número de habitantes ser menor, facilita inclusive essas ações de combate e controle, já que é possível uma comunicação mais efetiva com os moradores e monitoramento mais eficaz dos casos.

Para Mariana, o conselho para a população de Três Lagoas é se isolar.

“Tem que ter mais isolamento social, mínimo de 50%. Por todo o risco que há na localidade, a restrição social tem que ser maior”, enfatiza, ampliando a orientação para Paranaíba, que concentra dois casos confirmados, mas também faz divisa com SP.

Fonte: Prefeitura de Três Lagoas
Fonte: Prefeitura de Três Lagoas

A médica diz ainda que o governo do Estado não pode fazer muito quanto ao isolamento e que isso depende de ações mais duras dos próprios municípios, ao adotarem ações como toque de recolher, por exemplo.

Ela alerta, que qualquer relaxamento quanto ao isolamento é percebido de duas a três semanas depois, com o aumento na quantidade de casos. “Mato Grosso do Sul ainda está numa situação confortável, mas essa doença é muito imprevisível e qualquer afrouxamento vai ser sentido em duas ou três semanas, com um novo quadro agravado”, explica.

“Não tem vacina, não tem nenhum tratamento realmente eficaz, por isso, o isolamento máximo é pedido. Algumas pessoas precisam sair, mas muitas não e é a essas que pedimos para ficar em casa”, finaliza.

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