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Interior

“Morreu defendendo Anastácio”, diz mãe de ex-vereador morto a tiros em BR

Maria Vital, de 68 anos, tentou acalmar filho durante briga com ex-prefeito e pouco depois soube da morte

Por Anahi Zurutuza e Dayene Paz, de Anastácio | 09/05/2024 14:10
Maria Vital, de 68 anos, durante entrevista (Foto: Henrique Kawaminami)
Maria Vital, de 68 anos, durante entrevista (Foto: Henrique Kawaminami)

Inconformada com a morte do filho, o ex-vereador Wander Alves Meleiro, conhecido como Dinho Vital, de 40 anos, a aposentada Maria Vital, 68, afirma que o filho foi executado e “morreu defendendo Anastácio”. “Chegaram atirando por trás, fizeram a maior maldade”, disse ao Campo Grande News enquanto aguardava o início do velório, que acontece nesta tarde na Câmara de Vereadores da cidade.

Por volta das 13h, antes da chegada do corpo, o auditório com 160 lugares da sede do Legislativo de Anastácio já estava quase lotado e as coroas de flores com homenagens não paravam de chegar. Maria, o marido, João Vital Meleiro, e outros familiares aguardavam em sala reservada. Ela chegou a passar mal e precisou de atendimento médico, mas diz que seguirá firme na despedida do filho.

Momento que mãe de ex-vereador recebe socorro (Foto: Henrique Kawaminami)
Momento que mãe de ex-vereador recebe socorro (Foto: Henrique Kawaminami)

A mãe do ex-vereador repete a versão dada pela nora: de que apesar de as primeiras informações serem de que a morte de Dinho aconteceu durante uma “troca de tiros” com policiais à paisana, o filho, na verdade, foi perseguido e assassinado. Mais cedo, a viúva, Mary Beltrão, disse à reportagem que viu o marido sendo morto, às margens da BR-262, por homens que o seguiam em carro prata. “Ele nem teve tempo de atirar, não saiu nenhum disparo da arma dele”, afirmou.

Maria diz que lutará por justiça. “O que fizeram não é justo. Acabaram com uma família. Eu tinha uma família linda e abençoada. Nós estamos acabados, arrasados”.

A mãe do ex-vereador se lembra que depois do mandato (2016 – 2020), o filho mudou-se com a família para Campo Grande, mas voltou a Anastácio depois que ela foi vítima de um assalto. “Meu filho era uma pessoa muito amorosa, carismática, era meu companheiro, agarrado na gente”.

Ela não revelou se Dinho tinha pretensões de se lançar candidato novamente, mas diz que o filho sempre gostou de política e amava a cidade. Afirma ainda que o ex-vereador estava “sendo perseguido por causa de coisa política”. “Faz uns meses”.

Plenário da Câmara de Anastácio, onde velório acontece nesta tarde (Foto: Henrique Kawaminami)
Plenário da Câmara de Anastácio, onde velório acontece nesta tarde (Foto: Henrique Kawaminami)

Dinho Vital foi morto depois de ter saído do almoço de confraternização pelo aniversário de 59 anos de Anastácio, realizado na Chácara do Gaúcho, perto da BR-262. O evento é realizado tradicionalmente após o desfile, reunindo políticos do município. Este ano, vários pré-candidatos à prefeitura e à Casa de Leis estavam presentes.

Já era fim de tarde quando o ex-vereador teve discussão com o ex-prefeito da cidade, Douglas Figueiredo (PSDB). Conforme apurado pelo Campo Grande News, o bate-boca começou depois que Nildo Alves (PSDB), o atual prefeito de Anastácio, anunciou que lançaria o antecessor como candidato a voltar para a Prefeitura.

Maria, que também estava na festa e aparece em vídeo tentando acalmar o filho, não deu detalhes sobre o conteúdo da briga, mas disse que Dinho ficou nervoso porque estava sendo humilhado. Por isso, resolveu partir para cima de Douglas, foi impedido, apanhou e foi retirado do sítio. “Ele perdeu a paciência porque era muita humilhação”.

Ela também confirma que o ex-prefeito era o foco do bate-boca. “Ele estava discutindo com o Douglas, falando umas verdades para ele. Sempre ensinei para ele lidar com a verdade, sempre foi honesto e nunca gostou das coisas erradas”.

Para a mãe, receber minutos depois a notícia da morte do filho foi muito dolorido. “É triste saber que eu uma pessoa que vivia trabalhando, aí vem outras e tiram a vida de uma pessoa saudável, com sonhos e dois filhos para criar”. ­­­­­

Movimentação na BR-262 logo após morte de vereador (Foto: Portal Aquidauana)
Movimentação na BR-262 logo após morte de vereador (Foto: Portal Aquidauana)

A morte – O Corpo de Bombeiros foi chamado pouco depois das 17h para uma ocorrência de disparo de arma de fogo na rodovia. No local, o óbito foi constatado e a PM (Polícia Militar) foi acionada. Dinho estava caído em frente ao veículo Fiat Toro que, segundo o site O Pantaneiro, tinha pneu furado.

Dois policiais militares estão envolvidos na ocorrência. A informação que circula na cidade é que o sargento e o cabo, que não estavam fardados, faziam parte da equipe de segurança particular contratada por Douglas Figueiredo. Eles negam.

Em nota, a assessoria da PM (Polícia Militar) informou que os tiros foram disparados por dois policiais de folga, acionados por participantes da festa, para que interviessem em caso de pessoa armada no local.

Ainda em nota, a PM alega que os militares viram pessoa armada com pistola, que seria Dinho Vital. Anunciaram que eram policiais e ordenaram que colocasse a arma no chão. "(...) mesmo assim o homem não acatou a ordem legal dos PMs e, com arma em punho, partiu em direção aos policiais". A ação será investigada por meio de um IPM (Inquérito Policial Militar).

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