MPF denuncia 12 membros de milícia e divulga vídeo de ataque a índios
Doze pessoas investigadas por formação de milícia privada para promover ataques aos índios guarani-kaiowá poderão se tornar réus em dois processos. O MPF (Ministério Público Federal) ofereceu nesta sexta-feira (17) duas denúncias contra eles, sob a acusação de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo.
Os detalhes das denúncias não são divulgados, porque as investigações estão sob sigilo. As investigações foram conduzidas pela Força Tarefa Avá Guarani, instituída pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, há oito meses, para apurar crimes contra as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul.
De acordo com o que foi divulgado pelo MPF, os ataques foram cometidos contra indígenas do cone sul do estado, na região de fronteira com o Paraguai. Jagunços teriam sido contratados e financiados por proprietários rurais para violentar e ameaçar as comunidades. Oitivas, diligências, fotos, vídeos, buscas e apreensões comprovam a atuação dos milicianos.
Um dos vídeos apresentados como prova da ação da milícia privada, tem 2'11''. As images são ruins, mas é possível ouvir centenas de disparos de armas de fogo, e alguns índios conversando em guarani. Assustados, um deles chega a ter a voz ofegante, como se estivessem fugindo.
Para o MPF, a Força Tarefa “é uma maneira de dar uma resposta efetiva aos milhares de indígenas vítimas de violência, que poderiam deixar de acreditar na Justiça por causa da impunidade”. Só nos últimos 10 anos, pelo menos um índio foi morto por ano em decorrência do conflito fundiário em Mato Grosso do Sul.
O ajuizamento das denúncias é a primeira de uma série de medidas a serem adotadas para combater o conflito armado na região. Ainda de acordo com o MPF, o assassinato, de Clodioude Aguile Rodrigues dos Santos, ocorrido na última terça-feira (14) em Caarapó, também será investigado pelo grupo de procuradores.
Veja a baixo o vídeo divulgado pelo Ministério Público Federal.
