MPT vai investigar demissão sem aviso prévio em fábrica
Cerca de 400 funcionários da da fábrica de biscoitos Mabel e Elbi’s, só ficaram sabendo das demissões no último dia 15, data em que a fábrica fechou as portas
O MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul) abriu procedimento para apurar a demissão de aproximadamente 400 trabalhadores da fábrica de biscoitos Mabel e Elbi’s, pegos de surpresa com o fechamento da unidade no último dia 15 em Três Lagoas, cidade a 338 quilômetros de Campo Grande.
A medida foi tomada após audiência com o advogado do STIA (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins) de Três Lagoas e Brasilândia, Nilson Cavalcante, que apontou a ausência de prévia comunicação pela empresa sobre o fechamento da empresa.
Segundo Nilson Cavalcante, tanto o sindicato quanto os trabalhadores tomaram conhecimento do fechamento da fábrica somente no dia 15 de abril, quando as operações foram paralisadas. “Não houve qualquer tratativa de negociação coletiva por parte da empresa a respeito da extinção dos contratos nem qualquer indício mínimo de abertura de diálogo”, frisou o advogado durante audiência na sede do MPT em Três Lagoas.
Ele disse ainda que o sindicaro pretende ajuizar ação coletiva por dispensa imotivada, com pedido de indenização por dano moral e reintegração de pessoal. O inquérito civil também visa averiguar a regularidade no pagamento das verbas rescisórias, de modo que sejam resguardados todos os direitos previstos na Constituição, nas leis trabalhistas e nos acordos coletivos de trabalho.
Fábrica - Inaugurada em 1998 e adquirida pela multinacional PepsiCo em 2011, a unidade de Três Lagoas tinha em torno de 320 empregados contratados de forma direta e outros 70 por intermédio de terceiros, que atuavam na planta industrial. Até o dia 15 de maio, permanecem na empresa 18 trabalhadores responsáveis pelo escoamento da produção acabada.
Em nota divulgada no dia 15 de abril, a PepsiCo – grupo que também detém as marcas Elbi's, Kelly, Skiny, Elma Chips, Quaker, Toddy e Toddynho - destacou que a escolha do fechamento da unidade se baseou na estratégia da companhia de promover um reequilíbrio de seus recursos, redirecionando a sua cadeia operacional para as plantas localizadas em Sorocaba/SP, Aparecida de Goiânia/GO e Itaporanga D’ajuda/SE.
À época, a empresa assegurou que iria oferecer “um pacote financeiro adicional às verbas rescisórias legais de acordo com os anos trabalhados, e todo suporte necessário neste momento de transição, incluindo ações como workshops sobre empreendedorismo, planejamento financeiro e preparação de currículos, que inclusive serão distribuídos para outras empresas da região”.