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Interior

Narco brasileiro diz que recebia proteção de oficial da polícia paraguaia

Em entrevista coletiva, Marcelo Piloto negou ter planejado ataques terroristas para fugir da prisão no Paraguai

Helio de Freitas, de Dourados | 06/11/2018 14:42
Marcelo Piloto durante entrevista coletiva nesta terça-feira, em Assunção (Foto: Última Hora)
Marcelo Piloto durante entrevista coletiva nesta terça-feira, em Assunção (Foto: Última Hora)

O narcotraficante brasileiro Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o “Marcelo Piloto”, acusou um oficial da Polícia Nacional do Paraguai de lhe garantir proteção naquele país. Ele também confessou ser um “comerciante” de armas e drogas e negou ser terrorista.

Em entrevista coletiva na sede da Agrupación Especializada, em Assunção, onde está preso, afirmou que pagava “bem caro” para ser protegido pelo comissário Abel Cañete, atual diretor geral de Investigações Criminais da Polícia Nacional.

“Tenho provas, se algum promotor se interessar”, disse Piloto. O oficial negou a acusação e disse que está à disposição para ser investigado.

Comerciante – Um dos principais líderes do Comando Vermelho naquele país, onde foi preso em dezembro de 2017, Marcelo Piloto confessou ser traficante de drogas e de armas do Paraguai para o Brasil, mas negou ter planejado ataques terroristas com explosivos, como foi acusado após a descoberta de um esconderijo da facção.

“Todo mundo sabe que me dedico ao comércio de armas e drogas. Compro em Assunção e vendo em Ciudad Del Este, vendo em Pedro Juan Caballero. Vendo coisas ilícitas, sou comerciante. Sou traficante, não sou terrorista. Ser acusado de terrorista no Brasil pode acabar em morte”, afirmou o bandido brasileiro.

Marcelo Piloto disse que pediu para falar com os jornalistas após um jornal brasileiro estampar na capa a manchete “Facção ou terroristas?”, uma alusão ao Comando Vermelho, facção da qual Marcelo faz parte.

Condenado a 26 anos de prisão no Brasil, Piloto desafiou o governo paraguaio a provar ligação dele com o carro-bomba com 84 quilos de dinamite em gel, encontrado com três brasileiros na cidade de Presidente Franco, no dia 24 de outubro deste ano.

A polícia paraguaia afirmou que os explosivos seriam usados para tentar resgatar Marcelo Piloto. Os três foram mortos. “Não era meu pessoal. Desafio a provar. Cadê a prova?”.

No dia 4 de outubro, a polícia paraguaia descobriu um arsenal em Assunção e prendeu cinco cariocas que supostamente se preparavam para atacar o quartel onde Piloto está para resgatá-lo. Entre os presos estava a mulher do traficante.

“Sou sujeito homem para assumir os meus atos. Não é novidade para ninguém que eu vendo drogas e armas. Agora, querer jogar a culpa em mim de ato terrorista é mentira, é pressão para me colocar como poderoso chefão. É inaceitável me colocar como terrorista”, afirmou o bandido carioca.

Falando em português e apenas algumas palavras em castelhano, Marcelo mostrou cópias de reportagens publicadas em sites e de redes sociais ligando-o ao terrorismo. “Nunca dei entrevista, não gosto de dar entrevista, mas decidi falar hoje porque é mentira, terrorismo a minha facção não aceita”.

Filhos - “Lá no Rio de Janeiro nós temos regras, que são muito mais rigorosas que as do governo. Na vida do crime quem erra paga com a vida. Tudo que se fala aqui repercute no Brasil. Meus filhos veem isso e choram. Vocês têm família, eu também tenho”, afirmou o brasileiro, que falou por 45 minutos com jornalistas paraguaios.

Sobre a extradição para o Brasil, já determinada pela Justiça após o brasileiro pagar por seus crimes no Paraguai, Marcelo Piloto minimizou a situação: “qualquer prisão é prisão. Aqui estou 24 horas em uma cela pequena”.

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