ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 24º

Interior

Nesta terça, "desafio contra o fogo" envolve 1,5 mil hectares do Pantanal

Combate nessa região que antes era submersa só foi possível com a chegada de Aeronave da “elite” da Força Aérea Brasileira

Izabela Sanchez | 28/07/2020 13:40

O Itagiloma, como é conhecida essa área desocupada no Pantanal, e 1,5 mil hectares em chamas, são o foco da missão do Hércules e do helicóptero militar - ambas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), nesta terça-feira (28). Além das aeronaves, combatem o fogo em Corumbá, a 419 km de Campo Grande, equipe composta por 80 pessoas.

O Ministério da Defesa coordena as operações militares das forças armadas no Pantanal, que queima de forma inédita este ano. Só nesta terça-feira, Corumbá concentra 105 dos 150 focos de incêndio “críticos”, pela intensidade e área atingida pelas chamas, indicados no painel de monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Essa ação foi desencadeada depois que o governo do Estado decretou Estado de emergência para a região. Chamada de “Operação Pantanal”, começou no último final de semana. Além da aeronave C-130 Hércules, como é chamado oficialmente o modelo do avião de grande estatura, a FAB também mobiliza um “falcão negro”, tradução livre do inglês para o helicóptero militar baseado em Corumbá, o H-60L Black Hawk.

Piloto e copiloto a bordo do Hércules sobrevoando Pantanal na segunda-feira (Foto: Divulgação/FAB)
Piloto e copiloto a bordo do Hércules sobrevoando Pantanal na segunda-feira (Foto: Divulgação/FAB)

Itagiloma – O fogo alto de 1,5 mil hectares nessa área que deveria estar submersa mobiliza, de forma direta, 80 pessoas entre militares do Corpo de Bombeiros e brigadistas do prevfogo (ligado ao Ibama), mas são cerca de 200 pessoas envolvidas nas queimadas do Pantanal nessa semana.

Sargento do Corpo de Bombeiros e comandante do 3º Grupamento em Corumbá, Carlos Alberto afirma que as equipes voltam a atenção, nesta terça, a essa região que antes abrigava as águas do Rio Paraguai.

As águas do rio estão cerca de 30% abaixo de seu volume normal, segundo estimam tanto Corpo de Bombeiros quanto o IHP (Instituto do Homem Pantaneiro), uma das ongs que atuam na região.

Nesta terça, fumaça é vista de longe e enche a cidade de Corumbá em mais um dia, especialmente na região norte da cidade (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)
Nesta terça, fumaça é vista de longe e enche a cidade de Corumbá em mais um dia, especialmente na região norte da cidade (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Com isso, o Paraguai deixou emergir material seco que antes era parte das plantas aquáticas. Este ano, viraram alimento perigoso para o fogo.

O comandante do 3º Batalhão também comentou o fogo na região que faz divisa com o Mato Grosso, onde fica fazenda São Bento, nas margens do Rio São Lourenço. Segundo o satélite de monitoramento apontou à equipe, cerca de mil hectares queimam nessa área do Pantanal nesta terça.

Ainda assim, pela dimensão do Pantanal, é preciso organizar a prioridade e é isso que fazem as equipes diariamente antes de começar as frentes de combate. No Itagiloma, conforme o sargento conta, o fogo queima há duas semanas e as equipes terrestres apenas conseguiram “remediar” a situação até então. É por isso que essa região é, hoje, a missão da aeronave Hércules.

Além disso, a região do Itagiloma é uma das áreas que cercam Corumbá e enchem a cidade e a vizinha Ladário de fumaça. O sargento afirma que isso tem sido “plus” no agravamento das doenças respiratórias graves, entre elas, a covid-19, doença do novo coronavírus.

É desses dois tubos que saem os 12 mil litros de água do Hércules (Foto: Divulgação/FAB)
É desses dois tubos que saem os 12 mil litros de água do Hércules (Foto: Divulgação/FAB)

Aeronaves – O Hércules é operado pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1°/1° GT) e a FAB afirma que conduzi-lo para esse tipo de operação, que envolve área de extremo risco no Pantanal, demanda os “top guns” da fora.

O avião utiliza o sistema de combate a incêndio MAFFS (do inglês, Modular Airborne Fire Fighting System).

São dois tubos que projetam água pela porta traseira a uma altura aproximada de 150 pés (cerca de 46 metros). Além dos 12 mil litros de água que tem capacidade de lançar em cada decolagem, possui reservatório com capacidade para 22 mil litros de água.

A viagem do Hércules leva mais de uma hora, saindo de Campo Grande, até a região de Corumbá. O helicóptero também foi mobilizado duas vezes e foi responsável por levar militares do Corpo de Bombeiros para locais impossível de chegar por meio terrestre e aquático.

O “falcão negro” é operado pelo Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAV) , conhecido como “Esquadrão Pantera”.

Ainda não há prazo para o fim da operação, que, até agora, não teve “resultados” divulgados pelas forças que atuam no local. Entre seca que não era vista há muitos anos no Pantanal e Paraguai com nível menor, as queimadas chegaram mais cedo e cercam Corumbá em várias regiões. São milhares de hectares consumidos pelo fogo e outros na retaguarda ou em risco.

Nos siga no Google Notícias