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Interior

Operação Atenas se arrasta na Justiça 4 anos após prisão de vereadores

No dia 8 de outubro de 2014, PF prendeu vereadores, servidores e empresários por corrupção; todos os 13 eleitos em 2012 acabaram cassados, mas ninguém foi condenado até agora

Helio de Freitas, de Dourados | 04/10/2018 16:40
Cícero dos Santos, então presidente da Câmara de Naviraí, sendo conduzido por policiais federais, em 8 de outubro de 2014 (Foto: Arquivo)
Cícero dos Santos, então presidente da Câmara de Naviraí, sendo conduzido por policiais federais, em 8 de outubro de 2014 (Foto: Arquivo)

Na segunda-feira, dia 8 de outubro, faz quatro anos que a Operação Atenas, da Polícia Federal, levou para a cadeia cinco vereadores e três assessores da Câmara de Naviraí, cidade a 366 km de Campo Grande. No mesmo dia, dois empresários que tinham negócios com o Legislativo também foram presos.

Implicados no mesmo escândalo de corrupção, os oito vereadores que escaparam da prisão naquele dia foram afastados dos cargos e cassados. Com isso, os 13 legisladores naviraienses eleitos em 2012 perderam o cargo e os suplentes assumiram as cadeiras para concluir o mandato, em dezembro de 2016.

As prisões duraram alguns meses. Em fevereiro de 2013, todos já estavam em liberdade, mas até agora, quatro anos depois, ninguém foi condenado.

A ação penal por corrupção, peculato e organização criminosa tramita na 2ª Vara Criminal de Naviraí, mas não há previsão de quando será dada a sentença. São 18 réus e pelo menos 140 testemunhas arroladas no processo.

Dos 18 réus, 13 são os ex-vereadores Cícero dos Santos, Marcus Douglas Miranda, Solange Melo, Carlos Alberto Sanches, Adriano José Silvério, Elias Alves, Gean Carlos Volpato, Vanderlei Chagas, Moacir Aparecido de Andrade, Jaime Dutra, José Odair Gallo, José Roberto Alves e Mário Gomes.

Também são réus os ex-assessores da Câmara Wagner Nascimento Maximo Antônio, Rogério dos Santos Silva e Thiago Caliza da Rocha e os empresários Carlos Brito de Oliveira e Mainara Gessica Malinski, mulher do ex-presidente Cícero dos Santos.

A investigação revelou que Cícero dos Santos, apontado como chefe do esquema, usou dinheiro desviado para pagar até as próteses de silicone que Mainara colocou nas nádegas e nos seios.

Ramake – Na semana passada, o ex-vereador Adriano José Silvério voltou à cena após o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) deflagrar a Operação Remake, para investigar desvio de R$ 670 mil no Sindicato dos Funcionários Públicos do município.

No dia 25 de setembro deste ano foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e dois mandados de afastamento de Adriano da presidência do sindicato e da tesoureira Claudia Willmann Flor Rodrigues. Os dois também tiveram os bens bloqueados.

Operação Atenas – Os ex-vereadores, ex-assessores e empresários foram denunciados pelo Ministério Público por corrupção, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Na manhã de 8 de outubro de 2014, cinco vereadores e as outras cinco pessoas envolvidas foram presas após 11 meses de investigação da Polícia Federal e Ministério Público Estadual. O esquema de corrupção foi montado para extorquir empresários em troca da liberação de alvará e fraudar licitações.

Além dos presos, 29 pessoas foram levadas às delegacias da PF em Naviraí e Campo Grande para depoimento e 38 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nessas duas cidades e em Dourados.

Segundo a PF, os vereadores recebiam vantagens indevidas para aprovação de leis e para atuações ilegais na expedição de alvarás para estabelecimentos comerciais. Em várias conversas gravadas, Cícero dos Santos, então presidente da Câmara, falava sobre pagamentos que seriam feitos aos colegas.

Foi descoberto também um esquema ilegal de recebimento de diárias pagas a servidores públicos municipais por viagens que só existiram no papel. As diárias eram usadas para completar o salário dos servidores e para agradar colaboradores do então presidente do Legislativo, que ficava com parte do dinheiro, segundo a PF.

Os ex-vereadores também foram acusados de extorquir servidores contratados como comissionados para trabalhar na Câmara. Em troca do emprego, o servidor tinha que fazer um empréstimo consignado e entregar o dinheiro ao vereador que arrumou o cargo para ele. Depois ia pagando as parcelas mensalmente, descontadas do salário de servidor.

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