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Interior

Operação coloca forças policiais em fronteira dominada por traficantes

Fronteira em Alerta mobiliza equipes da Polícia Civil e PM para fiscalizar trecho de 200 km entre Ponta Porã e Sete Quedas

Helio de Freitas, de Dourados | 22/01/2019 15:47
Foto aérea mostra policiais durante abordagem em estrada da fronteira com o Paraguai (Foto: Divulgação)
Foto aérea mostra policiais durante abordagem em estrada da fronteira com o Paraguai (Foto: Divulgação)

Com a Operação Fronteira em Alerta, que ocorre por tempo indeterminado em cidades da Linha Internacional, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul ocupa um espaço que até agora é dominado pelos criminosos.

Com diversas forças das polícias Civil e Militar mobilizadas e uso de helicóptero, a Sejusp tentar aumentar a sensação de segurança da população e dificultar a vida dos bandidos em um trecho de pelo menos 200 km de estradas de terras onde a fronteira é só uma questão geográfica.

Nesta terça-feira (22), o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública Antonio Carlos Videira disse que a operação ocorre de Ponta Porã a Sete Quedas.

Essas duas cidades, mais Paranhos e Coronel Sapucaia, são vizinhas de cidades paraguaias usadas como base de grupos criminosos brasileiros, principalmente o Comando Vermelho e o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Há quase três anos as facções travam uma luta sangrenta pelo controle do tráfico nesse trecho da fronteira brasileira. Quase todos os dias há execuções em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado, as duas principais cidades paraguaias da fronteira.

Em Ypejhú, vizinha de Paranhos, a população não dorme mais em paz após o ataque do dia 19 de dezembro, quando pelo menos 30 pistoleiros armados invadiram o pequeno povoado de 2.500 habitantes e explodiram casas e uma loja de veículos da família Alderete Peralta.

Linha Internacional entre Coronel Sapucaia e Paranhos; traficantes brasileiros dominam outro lado da fronteira (Foto: Helio de Freitas)
Linha Internacional entre Coronel Sapucaia e Paranhos; traficantes brasileiros dominam outro lado da fronteira (Foto: Helio de Freitas)

Minotauro – O grupo estava atrás de Diego Zacarias Alderete Peralta, chefe local tráfico de drogas. Os pistoleiros foram mandados ao local pelo narcotraficante brasileiro Sergio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, que atualmente promove um banho de sangue na fronteira para eliminar os concorrentes locais, principalmente o clã de Jarvis Gimenes Pavão.

Aos 33 anos de idade, Minotauro é considerado o atual “inimigo número 1” da polícia fronteiriça, tanto sul-mato-grossense quanto paraguaia. Embora a Sejusp não fale abertamente sobre o caso, fontes policiais da fronteira revelam que capturar Minotauro é prioridade.

Foi o bandido paulista refugiado no Paraguai que mandou executar a tiros de fuzil o agente da Polícia Civil Wescley Dias Vasconcelos, 37, no dia 6 de março de 2018, em Ponta Porã.

Wescley teria descoberto que Minotauro usava identidade falsa em nome de Celso Matos Espíndola para se manter no anonimato em território paraguaio, onde está refugiado desde 2012 após a polícia paulista desmantelar seu esquema de tráfico em Bauru.

O Campo Grande News apurou que além de Pedro Juan, Minotauro mantém esconderijos em Bella Vista, cidade paraguaia vizinha de Bela Vista (MS) – região não incluída na Operação Fronteira em Alerta.

Sete Quedas – Conforme o secretário de Segurança, as forças policiais mobilizadas na operação vão intensificar o policiamento até Sete Quedas, cidade de 12 mil habitantes vizinha de Pindoty Porã, do lado paraguaio.

Essa região da fronteira é área de atuação da Máfia do Cigarro, quadrilhas organizadas que mandam carregamentos de cigarro paraguaio para as grandes cidades brasileiras.

Em setembro do ano passado, a Operação Nepsis da Polícia Federal prendeu 26 membros da quadrilha, inclusive três “patrões” do contrabando.

A investigação apurou que as bases operacionais da organização criminosa se situaram em Pindoty Porã e Salto Del Guairá, perto de Mundo Novo. Em 2017 a organização criminosa enviou pelo menos 1.000 carregamentos de cigarros, dos quais apenas 75 foram apreendidos.

A operação – A Fronteira em Alerta conta com a participação de equipes do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual, Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), Delegacia Garras (Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e o Grupamento Aéreo. A ação é integrada com a Polícia Nacional do Paraguai.

“Além dos policiais e equipes especializadas, também temos o efetivo da área de inteligência da Sejusp atuando para auxiliar no planejamento das atividades e o apoio do helicóptero”, afirmou o secretário de Segurança Pública. São pelo menos 150 policiais mobilizados.

Simultaneamente ocorrem atividades de combate aos crimes transfronteiriços, como apreensões de entorpecentes, armas de fogo e munições, recuperação de veículos objetos de crime (roubo/furto), cumprimento de mandados de prisão e o policiamento e bloqueios para fiscalização nas rodovias estaduais e vicinais.

Policiais durante operação nesta terça-feira em Ponta Porã (Foto: Divulgação)
Policiais durante operação nesta terça-feira em Ponta Porã (Foto: Divulgação)
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