Pai de vereador morto diz que existia "quadrilha" na prefeitura de Alcinópolis
Na saída para Cuiabá, o pai do ex-vereador Carlos Antônio Carneiro, assassinado há 9 meses, espera a chegada do comboio policial que traz para Campo Grande os suspeitos de participação no crime. Entre os presos, está o prefeito da cidade, Manoel Nunes da Silva (PR).
Estacionado na BR-163, Alcino Carneiro falou ao Campo Grande News o que vem repetindo desde o crime. “Existia uma quadrilha dentro da prefeitura eles tramaram essa morte”, garante Alcino Carneiro. Ele tenta elaborar o raciocínio sobre a participação de cada uma dos presos no plano de assassinato.
Segundo ele, a morte do filho beneficiaria diretamente os aliados do prefeito que tinha em Carlos Carneiro o principal opositor. A morte levaria os dois vereadores presos hoje aos principais cargos do Legislativo municipal: Enio Queiroz à presidência da Câmara e o vereador Valter Ronis à Primeira Secretaria.
O comerciante Ademir Miller, também preso na manhã de hoje em Alcinópolis, é suplente de vereadora na cidade, que já teria recebido ameaças de morte, assegura o pai de Carlos Carneiro.
A mulher que integra o grupo de suspeitos, Gildete Brito, mora na cidade e é namorada de Irineu Maciel, pistoleiro contratado para executar o presidente da Câmara em 2010 . “Quando ele ia para a cidade tramar o assassinato, ficava na casa dela”.
Alcino estava em Campo Grande quando ficou sabendo da prisão. “Tenho absoluta certeza que foi ele (Manoel) quem matou meu filho. Tendo 5 vereadores, ele pode fazer o que quiser na cidade”, argumenta.
Segundo ele, seis meses antes das eleições o prefeito disse que teria a presidência de “qualquer jeito”.
Para o pai, “é um alívio ver a prisão. Para mim, foi uma questão de honra”.
Alcino fez aliança com o prefeito, concorrendo como vice nas últimas eleições e depois rompeu. Agora, com a prisão de Manoel Nunes, ele deve assumir a prefeitura de Alcinópolis que tem esse nome justamente em homenagem a Alcino, o “criador” do município. “Pretendo assumir em respeito as pessoas que votaram”, resume.
O comboio trazendo os presos ainda não chegou a Campo Grande.