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Prazo para plantar milho termina 5ª, mas ainda tem produtor colhendo soja

Em Dourados, áreas de soja estão sendo deixadas para trás por causa da umidade do solo; grão ardido também aumenta prejuízo

Helio de Freitas, de Dourados | 07/03/2016 16:40
Estimativa de perda ainda não foi feita, mas prejuízo deve passar de 30% na região de Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Estimativa de perda ainda não foi feita, mas prejuízo deve passar de 30% na região de Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Enquanto agricultores não conseguem plantar milho, outros estão com lavoura em desenvolvimento (Foto: Eliel Oliveira)
Enquanto agricultores não conseguem plantar milho, outros estão com lavoura em desenvolvimento (Foto: Eliel Oliveira)

A chuvarada que atrapalhou o plantio de soja no ano passado continua prejudicando a colheita. Na região de Dourados, uma das três maiores produtoras da oleaginosa em Mato Grosso do Sul, o índice de umidade reduz o valor pago ao produtor, coloca em risco o produto estocado nos armazéns e aumenta os prejuízos, que segundo especialistas do setor devem passar de 30%.

Se não bastasse a dor de cabeça com a soja, o agricultor já começa a perder o sono com a segunda safra de milho. Quem pegou dinheiro através de financiamento tem prazo até esta quinta-feira (10) para fazer o plantio, segundo o zoneamento para essa cultura, mas muitos produtores ainda não conseguiram semear por causa do excesso de chuva.

O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lucio Damalia, que também é produtor de soja, diz que ainda é prematuro falar em números da colheita e das perdas em consequência das chuvas, pois a situação varia de região para região. Entretanto, ao avaliar a situação de suas roças, afirma que vai perder em média dez sacas por hectare.

“Assim como muitos produtores da região, vou deixar cantos em minhas lavouras sem colher. A umidade é tanta que o grão está totalmente comprometido, ardido”, afirmou Damalia, que tem lavouras na região de Douradina, município vizinho a Dourados. “Tem produtor que colheu a soja e plantou o milho sem nenhum problema, outros tiveram de esperar mais para colher e ainda não plantaram e alguns nem colher direito conseguiram”.

Dois exemplos ocorreram em regiões tradicionalmente produtoras de soja em Dourados. Na Linha do Potreirito, os agricultores conseguiram colher a soja e plantar o milho. Mas na Linha do Barreirão (MS-376), entre Dourados e Fátima do Sul, ainda tem muita soja embaixo d’água.

Lama e estradas ruins – O dirigente ruralista disse que a chuva recorde dos primeiros meses deste ano criaram verdadeiros lamaçais nas áreas de soja. “O lençol freático subiu por causa de muita chuva e a água está minando no meio das lavouras”, disse Lucio Damalia.

Segundo ele, outro problema sem solução para os produtores é a situação das estradas rurais. “As estradas continuam muito ruins e parece que não tem solução”, afirmou Lucio Damalia. Em Dourados, alguns trechos críticos foram arrumados depois que os próprios produtores cederam máquinas e cascalho para o serviço.

Grãos ardidos – O engenheiro agrônomo Gilberto Bernardi, da diretoria do Sindicato Rural de Dourados, diz que a chuva da semana passada agravou o prejuízo por causa do excesso de umidade.

Nesta tarde, ele falou com o Campo Grande News após visitar uma lavoura de três mil hectares na região de Fátima do Sul e disse que o desconto provocado pela umidade já compromete qualquer possibilidade de lucro.

“Até então, esses produtores ainda conseguiam vislumbrar certo lucro, ou pelo menos um empate para cobrir os custos de produção, mas depois das últimas chuvas a situação piorou e o prejuízo em muitos casos é certo”, afirmou Bernardi, que também evita falar em perdas médias. “Varia de produtor para produtor”.

O comprometimento por causa da umidade na hora de entregar a soja à cerealista é tanto que chega a quase 70% em alguns casos. O agrônomo citou o caso de um produtor rural da região que das 30 toneladas que entregou, só sobraram dez toneladas. O resto da soja foi considerada “podre”.

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