Prefeita mexe na equipe, anuncia obras, mas não sabe quando paga 13º
Délia Razuk conclui metade do mandato acuada por escândalo de corrupção que prendeu homem forte das finanças municipais
Os sete mil servidores de Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, a 233 km de Campo Grande, ainda não sabem quando vão receber o 13º salário.
Na manhã desta quarta-feira (19), durante lançamento de obras – a maioria com dinheiro ainda a ser liberado do orçamento da União – a prefeita Délia Razuk (PR) não garantiu o dia em que o abono de Natal será depositado na conta do funcionalismo, mas o pagamento não vai ocorrer amanhã, 20 de dezembro, data-limite prevista em lei.
A prefeitura espera pela devolução das sobras do duodécimo da Câmara de Vereadores para turbinar o caixa e pagar o 13º. Sem esse dinheiro, existe risco de escalonamento no pagamento, como ocorreu no ano passado, quando servidores com salários maiores só receberam em 2018.
Só que a prisão do primeiro secretário da Câmara, Pedro Pepa (DEM), na Operação Cifra Negra, atrasou inclusive a devolução das sobras do duodécimo.
Em entrevista à rádio Grande FM, o presidente eleito da Câmara Alan Guedes (DEM) disse que só hoje a Mesa Diretora conseguiu concluir a documentação para que o vice-presidente da Casa Sérgio Nogueira (PSDB) possa assinar a papelada em os cheques no lugar de Pedro Pepa – solto nesta semana beneficiado por liminar do Tribunal de Justiça, mas afastado do mandato por ordem judicial.
“Por causa desse atraso ainda não sabemos nem mesmo o valor que será devolvido, mas é bom lembrar que a Câmara tem, por lei, até abril de 2019 para devolver as sobras”, afirmou Alan. Segundo ele, por causa da prisão de Pedro Pepa até a folha de pagamento dos servidores ainda não está pronta. No ano passado, a Câmara devolveu R$ 4 milhões à prefeitura.
Mudança na equipe – Em entrevista coletiva após lançar as obras, Délia Razuk falou do projeto de reforma administrativa que está sendo elaborado e será enviado no início de 2019 para a Câmara.
Entretanto, mais uma vez ela não comentou sobre o escândalo de corrupção descoberto em outubro pela Operação Pregão na Secretaria de Fazenda e que derrubou seu braço direito nas finanças municipais, João Fava Neto, atualmente preso no Presídio Militar em Campo Grande.
Cinquenta dias após a operação, a prefeita, que está concluindo o segundo ano do mandato, não emitiu qualquer declaração pública sobre o esquema de fraude em licitações descoberto pelo Ministério Público no mesmo prédio onde funciona seu gabinete.
Questionada pelos repórteres se as mudanças feitas na equipe – sete secretários foram exonerados nesta semana – têm ligação com a investigação do MP, Délia Razuk disse que “de forma alguma” recebeu alguma recomendação para mexer no time.
“Foi uma ação nossa como prefeita, não houve nenhuma recomendação do Ministério Público. Atravessamos tempos difíceis, é necessário fazer alguns ajustes”, afirmou a prefeita.
Nesta semana foram exonerados os secretários de Saúde Renato Vidigal, de Governo Patrícia Bulcão, de Serviços Urbanos Joaquim Soares e de Obras Tahan Sales Mustafa, o diretor da Fundação de Esporte Janio Amaro e o comandante da Guarda Municipal Silvio Reginaldo Peres Costa.
A entrevista ocorreu duas horas após o horário agendado pela assessoria e no auditório, onde foi feito o lançamento das obras. A assessoria justificou que Délia se atrasou no retorno de Campo Grande.