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Presidente da Câmara de Terenos faz comentários considerados machistas

Vereador Marcos Campos fala em “tomar um chazinho e estar mais tranquila” para colega Lucilha de Almeida

Mylena Fraiha | 21/03/2023 18:25
Presidente da Câmara de Terenos faz comentários considerados machistas
As falas foram feitas em uma sessão ordinária, ocorrida no dia 13 de março (Foto: Reprodução)

A vereadora Lucilha de Almeida (PP) foi alvo de comentários machistas em uma sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Terenos, município localizado a 25 km da Capital. As falas foram feitas pelo presidente da casa, vereador Marcos Inácio Campos (PSDB), durante pronunciamento na tribuna, no dia 13 de março.

Tudo começou durante uma fala de Lucilha, cobrando do executivo melhorias nas estradas que ligam o distrito de Campo Verde a Terenos. Irritado com as cobranças da vereadora, Campos disse que concederia um tempo de fala a ela, porque a vereadora já teria tido tempo de “tomar um chazinho e estar mais tranquila”.

O colega também deu a entender que Lucilha “parecia uma vitrola”, falando do mesmo assunto. Porém, a vereadora ressaltou que é seu direito fazer cobranças em nome da população.

O presidente da Casa não teria gostado das cobranças da vereadora ao prefeito Henrique Budke (PSDB) e saiu em defesa dele durante o discurso, até ser pedido o aparte [tempo de fala] pela vereadora. O vereador Marcos faz parte da base aliada do atual prefeito de Terenos.


Repercussão - As falas de Campos tiveram uma repercussão negativa nas redes sociais e na própria cidade. Na sessão seguinte, ocorrida na última segunda-feira (20), a vereadora utilizou a tribuna para comentar o assunto e lamentar a fala do vereador.

Um grupo de 40 mulheres também compareceu à Câmara de Vereadores para se manifestar contra os comentários do presidente da Casa.

Em entrevista concedida ao Campo Grande News, a vereadora Lucilha de Almeida afirma que se sentiu ofendida com a fala. "Muitas mulheres também ficaram ofendidas. Essa fala não ofendeu somente a mim. Ofendeu a todas as mulheres, afinal, eu estou aqui representando a classe feminina”.

A vereadora relatou que esperava uma retratação do colega na sessão de ontem (20), entretanto, relata que Campos encerrou a sessão e deu as costas. Segundo ela, esse comportamento causou ainda mais transtorno, com as 40 mulheres que estiveram na Câmara.

“Elas ficaram ainda mais ofendidas. A pessoa pode errar, mas precisa ter a humildade e simplicidade de se retratar. E quando falo de se retratar, não é só comigo, mas com todas as mulheres que se sentiram ofendidas com a fala dele”, explica Lucilha.

Falta de posicionamento - Dos 11 vereadores eleitos em Terenos, Lucilha de Almeida (PP) é a única mulher que assumiu o cargo. Após o episódio classificado como machismo, somente o vereador Ricardo Guimarães Leonel (PSB) repudiou as falas.

Ele relatou que não estava na sessão quando a fala foi gravada, mas que viu vídeos e lamentou o ocorrido. “Achei que houve uma falta de tolerância por parte do vereador Marcos com a fala da vereadora, até porque a comunidade nos cobra o tempo todo para que haja melhorias principalmente na zona rural onde a vereadora mora”.

Apesar de reconhecer que Marcos não teve a intenção de ser machista, Ricardo acredita que ele poderia ter se retratado. “Vejo que ele poderia ter aproveitado a sessão de ontem e pedido desculpa”.

O vereador também manifestou o respeito e admiração por Lucilha, reafirmando que as mulheres têm os mesmos direitos políticos que os homens: “A vereadora tem direitos iguais como qualquer um de nós vereadores. Ela está ali para atender não só os seus eleitores mas também toda população do município, eu jamais poderia me calar como os outros vereadores, pois exatamente no mês em que homenageamos as mulheres acontece isso. Ela é a única vereadora da nossa cidade e como mulher tem uma visão que muitos homens não têm. A vereadora Lucilha tem toda minha admiração e respeito”.

A reportagem tentou contato com o vereador Marcos Inácio Campos (PSDB), mas até o momento de publicação não obteve resposta. O espaço continua aberto para pronunciamento do vereador.

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