Preso por latrocínio, índio é réu em processo por morte de policiais
Preso no fim de semana em Caarapó, a 283 km de Campo Grande, acusado de latrocínio (roubo seguido de morte), o índio Paulino Lopes, 29, já responde a processo por outras mortes, ocorridas em 2006, no município de Dourados.
Paulino é um dos nove índios acusados de participação no assassinato dos policiais civis Ronilson Magalhães Bartie, 36 anos, e Rodrigo Lorenzatto, 26, mortos a pauladas e golpes de faca no acampamento Passo Piraju, na região do Porto Cambira, no dia 1º de abril de 2006. Outro policial, Emerson José Gadani, na época com 33 anos, foi ferido a golpes de faca, mas sobreviveu.
Nesta segunda-feira (27), o delegado regional da Polícia Civil em Dourados, Lupérsio Degerone, informou que a juíza Cristiane Biberg, da comarca de Caarapó, decretou a prisão preventiva de Paulino, pela morte do também índio Josias Paulo, 18.
No início da noite de quarta-feira (22), Paulino e um comparsa teriam assaltado Josias Paulo para roubar sua moto. O rapaz foi morto a golpes de facão ao tentar reagir ao assalto.
A mulher de Josias, que tinha pedido para o marido parar a moto numa plantação de milho, para poder urinar, reconheceu Paulino como um dos assaltantes. O outro acusado continua foragido. Paulino foi preso na madrugada de sábado. Com ele os policiais encontraram o facão que teria sido usado no crime e uma foice.
Chacina de policiais – Além de Paulino Lopes, o processo sobre a morte dos policiais tem como réus os índios Carlito de Oliveira, 73, apontado como líder do grupo, seu filho Lindomar Brites de Oliveira, Ezequiel Valensuela e Jair Aquino Fernandes.
Os demais acusados pelo duplo homicídio – Valmir Júnior Savala, Sandra Arévalo Savala, Márcio da Silva Lins e Hermínio Romero – são réus em outro processo, que foi desmembrado e está em fase mais atrasada porque os acusados estavam em liberdade.
Em fevereiro deste ano, a defesa dos índios pediu a transferência do processo de Mato Grosso do Sul para São Paulo. O pedido recebeu apoio do MPF (Ministério Público Federal), que na ação penal é responsável pela acusação dos réus.
A decisão da Procuradoria da República revoltou o assistente da acusação, o advogado douradense Maurício Rasslan. Ele chamou de “fajuto” o laudo de um antropólogo do MPF que defende o desaforamento do processo por apontar preconceito contra indígenas no Estado em função da disputa por terra.
O caso ainda não foi decidido pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região.