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Interior

PRFs presos apareciam em lista de contrabandistas como "policiais bons"

Operação da PF prendeu 5 PRFs envolvidos no esquema; na lista, os "policiais ruins" eram os honestos, que barrariam a carga

Silvia Frias e Clayton Neves | 05/03/2020 12:27
Veículo carregado com cigarros, apreendido pela PRF, na BR-163, e levado para a PF: crime recorrente nas estradas de MS (Foto: Marcos Maluf)
Veículo carregado com cigarros, apreendido pela PRF, na BR-163, e levado para a PF: crime recorrente nas estradas de MS (Foto: Marcos Maluf)

Nas operações Managers e 100% a PF (Polícia Federal) prendeu cinco policiais rodoviários federais e cinco “gerentes” de quadrilha especializada no contrabando de cigarros. Entre os PRFs, quatro deles já estavam na corporação há mais de 20 anos, facilitavam a passagem da mercadoria ilícita e estavam na lista dos bandidos como “policiais bons”, enquanto os "policiais ruins" são os honestos que barrariam a carga.

A operação contou com o apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Dos 5 policiais presos, um deles está na corporação há 26 anos e ganhou liberdade recentemente, após ser preso durante a Operação Trunk, que investiga o mesmo crime. Do resto, dois estavam na PRF há 24 anos, um há 21 anos e o último, há nove anos.

A Justiça Federal expediu 35 mandados em Mato Grosso do Sul e Paraná, sendo 10 de prisão preventiva contra 5 PRFs e 5 homens classificados como “gerentes” do esquema. Foram cumpridos sete mandados de afastamento das funções, em relação aos PRFs (entre presos e outros investigados) e 18 de busca e apreensão em casas e postos de atuação dos policiais. A justiça expediu, ainda, sequestro de bens dos suspeitos. Um dos PRFs é aposentado, não sendo necessário afastamento.

O delegado-chefe da PF, Nilson Zanzarin Negrão, responsável pela operação, as investigações começaram no segundo semestre de 2019, descobrindo-se a vinculação dos “gerentes” e dos PRFs corruptos a partir das outras três operações que investigaram a ação dos cigarreiros: Nepsis, de setembro de 2018 com duas etapas em fevereiro e julho de 2019; Trunk, em julho de 2019 e Teçá, em agosto de 2019.

Coletiva da PF e PRF detalha esquema de contrabando (Foto: Marcos Maluf)
Coletiva da PF e PRF detalha esquema de contrabando (Foto: Marcos Maluf)

Segundo o delegado, os mandados foram expedidos nos municípios de Eldorado, o “epicentro” da ação, Mundo Novo, Naviraí, Japorã, Juti, Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul e Campo Grande.

A PF cruzou dados obtidos nas operações e dos documentos apreendidos. “Tinha agenda com a lista em que aparecia policiais bons e ruins”. Para os criminosos, os “policiais bons” eram aqueles que faziam parte do esquema e facilitavam a passagem do contrabando, com maior garantia de chegar ao destino. Os “policiais ruins” são os honestos, sem chance de terminar o transporte.

Nas anotações, consta carregamento para todas as regiões do País.

Esquema – Aa investigação descobriu três grandes grupos organizados dentro do mesmo esquema de contrabando de cigarros, denominados Máfia dos Cigarreiros, Grupo TT e Grupo do Cromado. Dos líderes identificados, quatro deles tinham mandado de prisão nas operações Nepsis e Tecá, sendo que dois estão no presos e dois foragidos.

A PF não forneceu os nomes dos líderes, mas disse que dois deles tiveram condenação recente de mais de 50 anos, sendo possível identificar que são Ângelo Guimarães Ballerini e Valdenir Pereira dos Santos, sentenciados por contrabando de cigarros.

O superintendente regional da PF, Cleo Mazzotti, disse que as operações vão além da apreensão de cigarros e devem focar também em quebrar o esquema financeiro milionário das quadrilhas.

As operações foram denominadas Managers (gerente, em inglês) e 100%, neste caso, por ser a forma de comunicação via mensagens para evidenciar que a estrada estava liberada para passagem do contrabando.

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