Problema sem fim, falta de água castiga maior comunidade indígena de MS
Cansados de promessas, moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru preparam novos protestos
RESUMO
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Quase 20 mil indígenas das aldeias Bororó e Jaguapiru, em Mato Grosso do Sul, enfrentam grave falta de água, um problema crônico agravado pela pior estiagem recente. Apesar de promessas governamentais e protestos anteriores, incluindo o bloqueio de rodovia no ano passado, a situação permanece inalterada. A comunidade planeja novos protestos, ameaçando fechar uma estrada importante até que o abastecimento de água seja garantido, devido às consequências severas da falta de água, como crianças perdendo aulas por falta de roupas limpas e suspeita de contaminação da água disponível.
Moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru, que juntas formam a comunidade indígena mais populosa de Mato Grosso do Sul, com quase 20 mil habitantes, sofrem com a falta de água. O problema é antigo e ao longo dos anos virou bandeira de promessas políticas, mas a solução mesmo, nunca saiu do papel.
Parece notícia repetida, mas não é. No período mais quente e mais seco da história recente na região sul de Mato Grosso do Sul, seres humanos não têm água para beber, cozinhar, lavar roupas e tomar banho.
Cansados de tantas promessas sem solução, a comunidade se organiza para novos protestos para cobrar ações concretas. No ano passado, para reivindicar abastecimento de água, os indígenas bloquearam a MS-156 por dois dias.
Agora, pretendem fechar a estrada entre Dourados e Itaporã e só reabrir após a água chegar às residências. “Se for preciso vamos abrir uma vala na estrada que passa pelas nossas terras. Não aguentamos mais, a situação está ainda pior”, disse ao Campo Grande News o pastor Valdemir Ribeiro Ramires.
Imagens enviadas pelos moradores mostram reservatórios vazios, torneiras secas e crianças ajudando a carregar de bicicleta a água coletada em um córrego próximo, com suspeita de contaminação por agrotóxico (veja o vídeo acima).
O calorão dos últimos meses, aliado à estiagem que ocorre durante todo o ano na região, agrava o sofrimento dos indígenas. Segundo o pastor Valdemir, tem criança perdendo aula porque não tem roupa limpa para ir à escola.
Valdemir Ramires afirma que atuou por muitos anos como liderança na Jaguapiru e a comunidade o procura, quando precisa. “Esse sofrimento ocorre há muitos anos. Muitas famílias estão sofrendo, não conseguem nem cozinhar. É muito triste tudo isso. Conclamamos por ajuda do governo, da Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena]. Se não tiver solução, vamos ter que trancar a rodovia de novo”.
No ano passado, após os protestos, o governo de Mato Grosso do Sul, através da Sanesul, elaborou projeto para resolver a falta de água nas aldeias de Dourados. Orçado em R$ 35 milhões, o projeto foi inserido no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Um ano depois, no entanto, nada foi feito de concreto para levar água aos indígenas.
Em janeiro deste ano, a comunidade indígena voltou a bloquear a rodovia para cobrar abastecimento de água, novas promessas foram feitas, mas nada aconteceu até agora. Segundo o Guia Clima, da Embrapa Agropecuária Oeste, em todos os meses de 2024, a temperatura foi acima da média e o volume de chuva abaixo do esperado na região de Dourados.
Ao Campo Grande News, a assessoria do governo do Estado informou que a reserva é área federal e que a execução do projeto cabe à União. A reportagem também procurou a assessoria da Casa Civil da Presidência da República, que repassou a demanda para o Ministério das Cidades. Até agora não houve manifestação.
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