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Interior

Seis meses após ser solta, policial é presa de novo com contrabando

Perita papiloscopista estava com ex-policial civil transportando 275 celulares de origem paraguaia

Por Ana Paula Chuva e Helio de Freitas, de Dourados | 16/01/2024 15:09
Caixas de celulares e Nissan Versa apreendidos no dia 10 de janeiro (Foto: Divulgação | DOF)
Caixas de celulares e Nissan Versa apreendidos no dia 10 de janeiro (Foto: Divulgação | DOF)

A perita papiloscopista da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul Ana Carla Ferreira Sabacianskis foi novamente presa transportando celulares contrabandeados. A servidora havia sido solta em julho do ano passado, um dia depois de ser pega por equipe do DOF (Departamento de Operações da Fronteira) com carga de 471 aparelhos.

Conforme apurou o Campo Grande News, a nova prisão aconteceu no dia 10 de janeiro, mas só foi divulgada hoje (16). Na ocasião, Ana Carla estava com o ex-policial civil Sérgio Garutti Junior em um veículo Nissan Versa trafegando pela MS-379, zona rural de Laguna Carapã, quando foram abordados pelos militares por volta das 10h.

Durante revista ao veículo, os policiais do DOF encontraram 255 iPhones e 20 aparelhos celulares da marca Xiaomi. Os itens estavam escondidos na caixa de som do porta-malas e em compartimentos ocultos no banco traseiro e nos dois bancos dianteiros. Ana Carla era quem dirigia o carro e optou por ficar em silêncio.

Já Sérgio, que estava como passageiro, se apresentou como ex-policial e afirmou ser o dono do carro. Segundo ele, Ana Carla foi convidada para a viagem por ser servidora pública e que ajudaria nos possíveis bloqueios policiais evitando a busca no veículo. Ele receberia R$ 2.750,00 pelo transporte.

Ambos foram levados para a Delegacia da Polícia Federal e no local, Sérgio mudou a versão dada aos policiais. No relato, ele alegou que o carro pertencia a outro homem, identificado como Jailson, que seria o responsável por montar os compartimentos ocultos no veículo. Ele disse ainda ter sido contratado para levar os celulares até Dourados e que Ana Carla não teria nenhum envolvimento no caso.

Eles foram presos em flagrante e passaram por audiência de custódia no dia 11 de janeiro. Na ocasião, o juiz federal substituto Fábio Fischer decidiu em conceder a liberdade provisória para Sérgio, mas determinou pagamento de fiança de R$ 6 mil e que ele não se ausente da cidade onde mora sem autorização judicial e também teve o direito de dirigir suspenso e a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) apreendida.

Porém, o magistrado decidiu converter o flagrante de Ana Carla em prisão preventiva. Conforme Fábio, a perita oferece risco de praticar novo crime, já que há “pouco tempo praticou delito de idêntica natureza com quantidade semelhante de aparelhos eletrônicos”. Ele ainda ressaltou que a servidora participou da “empreitada” com a finalidade de “valer-se de sua função pública na Polícia Civil para evitar a atuação dos órgãos de segurança”.

À reportagem, a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) informou que assim que soube da prisão da perita “tomou as providências necessárias e encaminhou o documento para a Coordenadoria Feral de Perícias para a adoção das medidas administrativas que o caso requer”.

Em nota, a pasta também afirmou que a servidora responderá criminal e administrativamente pela conduta.

Reincidente – No dia 19 de julho de 2023, Ana Carla foi presa por equipe do DOF na zona rural de Ponta Porã. Na ocasião, a servidora viajava junto com Adelson Aparecido Soares, 52 anos, e Guilherme Tonel Moroso, ambos moradores de Campo Grande.

O grupo estava dividido em três carros. A perita dirigia um Chevrolet Tracker onde foram encontrados 252 celulares contrabandeados. Guilherme conduzia um Hyundai Creta com 219 aparelhos e Adelson estava na direção de um Fiat Mobi com um celular, 30 pneus e 250 pacotes de cigarro, produtos de origem Paraguaia.

Guilherme pagou fiança estipulada pelo delegado da Polícia Federal e foi solto. Já Ana Carla e Adelson passaram por audiência de custódia na Justiça Federal e foram soltos no dia seguinte à prisão. Para o juiz federal Ricardo Duarte Ferreira Figueira eles não registravam maus antecedentes, os crimes foram cometidos sem violência ou grave ameaça e há ausência de envolvimento em organização criminosa.

Para Adelson, o juiz determinou fornecimento de endereço e outros meios para ser localizado; compromisso de comparecer a todos os atos do processo e apresentar comprovante de residência atualizado; comparecimento virtual mensal à 1ª Vara Federal de Ponta Porã para justificar suas atividades; proibição de sair do país e de frequentar qualquer cidade ou região de fronteira até o término da ação penal e não se envolver na prática de qualquer outra infração penal.

Ana Carla, no entanto, teve de pagar fiança de três salários mínimos; indicar endereço de sua residência; compromisso de comparecer a todos os atos do processo; comparecimento virtual mensal à 1ª Vara Federal de Ponta Porã para justificar suas atividades; comunicar mudança de endereço; comunicar ausência de seu domicílio por prazo superior a oito dias e não se envolver na prática de qualquer outro crime.

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