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Interior

Sejusp quer ampliar acordo com Paraguai para chegar a matadores da fronteira

Secretário disse que nova ferramenta de balística vai ajudar a compartilhar dados com polícia paraguaia

Helio de Freitas, de Dourados | 23/06/2023 15:58
Sobre fronteira, Antônio Carlos Videira garante que investimento em inteligência é prioridade. (Foto: Arquivo)
Sobre fronteira, Antônio Carlos Videira garante que investimento em inteligência é prioridade. (Foto: Arquivo)

O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública Antônio Carlos Videira aposta na tecnologia para identificar e prender os matadores profissionais em atividade em Mato Grosso do Sul, especialmente na fronteira com o Paraguai. Apesar do alto índice de solução de homicídios em comparação a outros estados, MS tem centenas de mortes por pistolagem que permanecem insolúveis, muitas delas em Campo Grande.

Em entrevista nesta sexta-feira (23), Videira falou sobre a ferramenta inédita de balística recebida pelo Estado. Os equipamentos produzem imagens em alta definição de projéteis e estojos encontrados em locais de crime e vão substituir a análise manual, feita até então pelos peritos criminais.

O secretário afirmou que a ideia é interligar a ferramenta não só ao Sistema Nacional de Análise Balística, mas também ao banco de dados do Paraguai.

“Nós identificamos, por exemplo, que uma arma usada num crime em Ponta Porã também foi utilizada na morte de um policial no Paraguai. [O equipamento] permite essa interação não só com o sistema nacional, mas também com o do Paraguai, da Senad [Secretaria Nacional Antidrogas]”, explicou.

Comando Vermelho – Videira também falou sobre a nova onda de assassinatos na linha internacional e relembrou que a guerra pelo controle do crime organizado acontece há pelo menos 25 anos.

Segundo ele, a recente ascensão da facção carioca Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul, apontada no âmbito da Operação Bloodworm, não é “novidade”.

Apesar de o PCC (Primeiro Comando da Capital) ser a facção dominante do submundo do crime dentro e fora dos presídios, Videira lembra que o grupo carioca atua na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul há pelo menos duas décadas e meia.

“O Comando Vermelho veio para Mato Grosso do Sul na década de 90, quando a família Morel, que foi dizimada, era fornecedora da droga. Depois, o Comando veio com o Beira-Mar [Fernandinho Beira-Mar] para Capitán Bado-Coronel Sapucaia. O Comando Vermelho operava sim, antes até mesmo do PCC”, afirmou.

Segundo ele, a facção carioca veio para a fronteira para controlar toda a cadeia do tráfico, desde a produção da maconha até a distribuição. “Matou todos os Morel, só sobrou um”.

Rafaat – Com a execução do chefe da pistolagem na fronteira, Marcio Ariel Sánchez Giménez, o “Aguacate”, Antônio Carlos Videira disse não esperar um novo banho de sangue, como o que foi desencadeado com o assassinato de Jorge Rafaat Toumani, em 2016.

Na sua avaliação, Marcio Sánchez e o sul-mato-grossense Cleber Riveros Segovia, 31, o “Dogão” (assassinado no Paraná em outubro de 2010), eram sicários, como os matadores profissionais são chamados no Paraguai, mas não chegaram a se candidatar ao posto de chefão.

“O crime organizado é uma grande empresa que visa comércio de ilícitos. Se o cabeça for morto, se ele for preso, se tiver de sair de atuação, a empresa continua a funcionar. O Rafaat era um grande gestor e detinha grande cadeia centralizada nele. Os que vieram na sequência (Minotauro e Bonitão, por exemplo) foram presos”, explicou.

O secretário cita que antes a fronteira tinha uma grande liderança, que era Fahd Jamil, depois o posto chegou a ser ocupado por Rafaat, mas atualmente existe descentralização, com diversas pessoas responsáveis em operacionalizar o esquema. “Se um é preso ou morto, outro assume”.

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