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Interior

Cidade da fronteira com MS é “eleita” a mais violenta da América do Sul

Jornal argentino aponta PCC como responsável pelo banho de sangue em Pedro Juan Caballero

Helio de Freitas, de Dourados | 23/06/2023 11:29
Corpo do pistoleiro Marcio Sánchez, jogado no meio da rua em Pedro Juan Caballero (Foto: Direto das Ruas)
Corpo do pistoleiro Marcio Sánchez, jogado no meio da rua em Pedro Juan Caballero (Foto: Direto das Ruas)

Palco de assassinatos em atentados cinematográficos e corpos jogados na rua, Pedro Juan Caballero, cidade-gêmea de Ponta Porã, foi apontada por jornal argentino como a mais violenta da América do Sul.

A capital do Departamento de Amambay, no Paraguai, é dividida apenas por uma rua do território-sul-mato-grossense. Nesse trecho da linha internacional, a separação entre os dois países existe apenas no mapa, pois moradores dos dois lados da fronteira circulam livremente.

Segundo o diário “La Nación”, o medo impera na cidade de 115 mil habitantes, principalmente pela forte atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Após a execução do chefão do narcotráfico Jorge Rafaat Toumani, em junho de 2016, a facção criminosa fundada dentro dos presídios brasileiros entrou em guerra com outros grupos pelo controle do crime organizado na fronteira.

“Assim se assassina na cidade mais violenta da América do Sul, que exportou sua máfia para a Argentina”, diz o título da crônica do La Nación. Segundo o jornal portenho, a facção brasileira se enraizou no Paraguai, onde manda matar até autoridades da polícia.

“Terra de ninguém, é assim que todos a conhecem, é uma superfície que muda de forma. Há partes que parecem um canteiro comum de uma avenida. Em outros, assemelha-se a um campo cheio de ervas daninhas. É aí que termina o que você quer descartar e esconder em Pedro Juan Caballero, mesmo que esteja à vista. Entre eles, cadáveres”, diz trecho do artigo assinado pelo jornalista Germán de los Santos.

O texto ainda questiona o trabalho da polícia tanto paraguaia quanto brasileira afirmando que ambas atuam através de “acordo informal” para investigar os crimes e lembra que até mesmo a jurisdição é imprecisa, devido à fronteira seca.

“A morte parece ter ficado para sempre em Pedro Juan Caballero. E agora voltou a irradiar com mais força. Uma semana depois que pistoleiros colombianos e um venezuelano assassinaram Marcelo Pecci, procurador-chefe da Unidade de Crime Organizado do Paraguai em uma ilha de Cartagena, ocorreu o crime do prefeito de Pedro Juan Caballero (José Carlos Acevedo)”, recorda o jornalista argentino.

O promotor de Justiça Marcelo Pecci, que atuava contra criminosos da fronteira, foi morto a tiros no dia 10 de maio do ano passado quando curtia lua de mel na praia privada do hotel Decamerón, na província de Barú, em Cartagena das Índias, na costa caribenha da Colômbia.

José Carlos Acevedo, prefeito de Pedro Juan Caballero, foi baleado por quatro pistoleiros quando deixava a sede da prefeitura no dia 17 de maio do ano passado e morreu quatro dias depois.

Jornalistas ameaçados - O texto publicado pelo La Nación tem trecho dedicado aos jornalistas de Pedro Juan Caballero e lembra que os repórteres vivem com medo do crime organizado e alguns até deixaram a cidade, após serem ameaçados de morte. “Aqui você nada entre tubarões”, disse ao jornal argentino o repórter Marciano Candia, correspondente do Última Hora, diário de Asunción.

Sobre o PCC, a publicação detalha como a facção se espalhou pelo Paraguai e alerta sobre a expansão para a Argentina, onde células ativas já foram detectadas em pelo menos dois presídios.

“Esse grupo criminoso tem poder de expansão muito rápido dentro dos presídios. No Paraguai, eles aproveitaram as más condições de detenção para conseguir a lealdade dos internos. Também usam as brechas deixadas pela corrupção dentro dos presídios”, diz trecho do artigo.

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