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Interior

Assassinado com 33 tiros, chefe de pistoleiros acumulou patrimônio milionário

Marcio Ariel Sánchez Giménez, o “Aguacate”, tinha pelo menos 20 propriedades na fronteira com MS

Helio de Freitas, de Dourados | 19/06/2023 11:27
Local onde corpo de “Aguacate” foi jogado, na sexta-feira de manhã (Foto: Marciano Candia/Última Hora)
Local onde corpo de “Aguacate” foi jogado, na sexta-feira de manhã (Foto: Marciano Candia/Última Hora)

Executado com pelo menos 33 tiros e jogado no meio da rua, o temido bandido Marcio Ariel Sánchez Giménez, o “Aguacate”, 35, apontado como chefe do principal grupo de pistoleiros da fronteira, acumulou patrimônio milionário na linha internacional entre o Paraguai e Mato Grosso do Sul.

Segundo a Polícia Nacional e o Ministério Público paraguaio, com dinheiro oriundo de assassinatos encomendados, Marcio Sánchez comprou pelo menos 20 propriedades, a maioria em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado – cidades separadas por uma rua do território sul-mato-grossense.

Entre os bens estão fazenda de criação de gado e cavalos de carreira, supermercado, salão de cabeleireiro e vários outros imóveis, a maioria em nome da esposa de “Aguacate”, Gudelia Vargas, e do irmão dela, Edilson Vargas Armoa, investigados por lavagem de dinheiro. A mulher foi presa em junho do ano passado na Operação Persea del Norte e continua na cadeia.

Aguacate (abacate, em castelhano) foi sequestrado e morto na noite de quinta-feira (15), exatamente sete anos após a execução de seu patrão, o narcotraficante Jorge Rafaat Toumani. O corpo dele foi jogado na área central de Pedro Juan Caballero, a menos de 200 metros do Palácio da Justiça do Paraguai. Na avaliação de policiais da fronteira, o local da “desova” foi um recado da máfia.

Natural de Capitán Bado – cidade vizinha de Coronel Sapucaia (MS) – Marcio Sánchez entrou para o crime ainda na adolescência. Antes dos 18 anos, já atuava como matador profissional. Em 2010, aos 22 anos, foi preso após troca de tiros com a polícia.

Marcio Sánchez, o "Aguacate", no dia em que Jorge Rafaat foi morto, em 2016 (Foto: Arquivo)
Marcio Sánchez, o "Aguacate", no dia em que Jorge Rafaat foi morto, em 2016 (Foto: Arquivo)

Após passar um tempo na cadeia, Aguacate se instalou em Pedro Juan Caballero, onde passou a integrar o grupo de guarda-costas de Jorge Rafaat. Na noite de 15 de junho de 2016, quando o chefão do tráfico foi morto a tiros de metralhadora calibre 50, no ataque mais cinematográfico da história da fronteira, Marcio era o chefe dos seguranças.

Ele e outros guarda-costas foram detidos por policiais paraguaios porque estavam com armas de grosso calibre, mas logo saiu da cadeia e passou a trabalhar por conta própria. Montou grupo de pistoleiros e começou a prestar serviço à máfia fronteiriça e a facções criminosas brasileiras, entre elas o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo a imprensa paraguaia, Marcio Sánchez foi apontado como autor de pelo menos 50 assassinatos nos últimos cinco anos na linha internacional. Foram dez mortes em duas chacinas, uma em 2019 (seis vítimas) e outra em outubro de 2021, quando quatro pessoas foram assassinadas a tiros de fuzil. Uma delas era a filha do então governador de Amambay e atual prefeito de Pedro Juan Caballero, Ronald Acevedo.

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