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Interior

Oficialmente foragido, chefão da pistolagem vivia livremente na fronteira com MS

Marcio Ariel Sánchez Giménez foi morto na mesma data que seu ex-patrão Jorge Rafaat – 15 de junho

Helio de Freitas, de Dourados | 16/06/2023 11:25
Tatuagem e perfurações de tiro no corpo de Marcio Sánchez, o “Aguacate” (Foto: Direto das Ruas)
Tatuagem e perfurações de tiro no corpo de Marcio Sánchez, o “Aguacate” (Foto: Direto das Ruas)

Marcio Ariel Sánchez Giménez, o “Aguacate”, morto com 33 tiros e jogado na rua enrolado num cobertor, estava há quase quatro anos na lista de procurados da Polícia Nacional do Paraguai. Entretanto, na linha internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS), a condição de foragido nunca foi levada em conta.

Apontado como chefe de pistoleiros e responsável pela segurança de narcotraficantes da fronteira, Aguacate, de 35 anos de idade, circulava livremente no lado paraguaio, acompanhado por um pequeno exército de jagunços armados com fuzis. “Andava sempre com 15, 20 seguranças em várias caminhonetes, todo mundo sabia que era ele, mas nunca foi parado pela polícia”, disse uma fonte ao Campo Grande News nesta sexta-feira (16).

O corpo do pistoleiro foi encontrado por volta de 7h de hoje na Rua Blas Garay, a cerca de 200 metros do Palácio da Justiça, em Pedro Juan Caballero. Marcio Sánchez estava com as calças abaixadas. “É para humilhar, subjugar”, disse jornalista que conhece bem a realidade da fronteira.

15 de junho - Segundo peritos da Polícia Nacional, Aguacate foi morto pelo menos 12 horas antes de o corpo ser encontrado na rua, ou seja, a execução ocorreu ontem, 15 de junho, exatamente a mesma data em que o ex-patrão dele Jorge Rafaat Toumani foi assassinado, em 2016.

No momento do atentado a Rafaat, o mais cinematográfico da história sangrenta da fronteira, Aguacate era o responsável pela segurança do chefe narco, mas não conseguiu salvar o patrão, destroçado por tiros de metralhadora calibre 50.

Desempregado, Marcio Sánchez passou a trabalhar por conta própria. Montou grupo de pistoleiros e começou a prestar serviços de segurança para criminosos da fronteira. Entre as atribuições do grupo estava executar os rivais dos patrões e outras pessoas condenadas à morte pela máfia fronteiriça.

Prefeito - “Todos sabiam onde ele estava e o que fazia”, afirmou hoje o prefeito de Pedro Juan Caballero, Ronald Acevedo. Em outubro de 2021, a filha de Ronald, Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21, foi uma das quatro vítimas da chacina ocorrida em frente a um centro de eventos da cidade.

Na época, Ronald era governador de Amambay e acusou Aguacate te ter liderado o ataque, que tinha como alvo o traficante Osmar Vicente Álvarez Grance, 29, o “Bebeto”. Além dele e de Haylee, morreram a mato-grossense Rhamye Jamilly Borges de Oliveira, 18, e a douradense Kaline Reinoso de Oliveira, 22. As duas eram amigas de Haylee.

“Eu sempre soube que ele estava por aqui, ameaçando a todos nós. Aqui na região todos falam que o fim dessa gente é a cadeia ou o cemitério, mas morre um e vêm dez. Todos somos vítimas e logicamente estamos com medo”, disse o prefeito ao jornal ABC Color.

Em maio do ano passado, o irmão de Ronald, José Carlos Acevedo, então prefeito de Pedro Juan Caballero, foi assassinado por quatro pistoleiros quando saía da prefeitura. Dois bandidos estão presos e os outros dois continuam foragidos. Até hoje a polícia não descobriu os mandantes do crime.

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