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Interior

Governador vai a local onde filha foi assassinada, 27 dias depois de chacina

Haylee Carolina Acevedo Yunis, filha de Ronald Acevedo, foi uma das quatro vítimas do ataque, dia 9

Helio de Freitas, de Dourados | 05/11/2021 10:18
Governador Ronald Acevedo olha buraco de tiro de fuzil em coluna de prédio. (Foto: Direto das Ruas)
Governador Ronald Acevedo olha buraco de tiro de fuzil em coluna de prédio. (Foto: Direto das Ruas)

O governador Ronald Acevedo esteve pela primeira vez na manhã desta sexta-feira (5), no local da chacina de quatro pessoas, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (a 323 km de Campo Grande). Uma das vítimas foi a filha dele, a estudante de Medicina Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21.

Acevedo é o atual governante de Amambay – departamento (equivalente a Estado) cuja capital é Pedro Juan Caballero – que tem extensa faixa de fronteira com Mato Grosso do Sul.

A cena do político em frente ao prédio causou comoção entre os moradores das duas cidades, separadas apenas por uma rua. Ronald Acevedo se aproximou da coluna de concreto do prédio, colocou a mão nos buracos de bala e depois sentou no meio-fio, ao lado da calçada onde Haylee caiu morta.

A filha de Ronald, o namorado dela Osmar Vicente Álvarez Grance, 29, o “Bebeto”, e as brasileiras Rhamye Jamilly Borges de Oliveira, 18, e Kaline Reinoso de Oliveira, 22, foram mortos com pelo menos 117 tiros por três pistoleiros, quando saíam de uma festa na madrugada de 9 de outubro.

Moradores que passavam pelo local viram o governador checando as paredes perfuradas pelas balas e depois fazendo uma prece. “Como ele diz, a justiça do homem pode não funcionar, mas a justiça divina sim”.

“Dói no coração. Só quem passou por situação assim entende. Só Deus para confortar nosso coração. Justiça é uma palavra que as autoridades de Pedro Juan Caballero não conhecem, só esperamos de Deus”, postou uma moradora.

Ronald Acevedo sentado ao lado do local onde a filha caiu morta. (Foto: Direto das Ruas)
Ronald Acevedo sentado ao lado do local onde a filha caiu morta. (Foto: Direto das Ruas)

Quase um mês depois da chacina que foi destaque em meios de comunicação de vários países sul-americanos, o caso continua sem solução. Para moradores da fronteira, será mais um crime a cair no esquecimento da polícia.

No dia 14 de outubro, a Polícia e o Ministério Público do Paraguai fizeram buscas na cela VIP do narcotraficante Faustino Román Aguayo Cabañas, 44, na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero. Ele foi flagrado dormindo na cela com a namorada, Mirna Keldryn Romero Lesme, 22.

Segundo informações atribuídas pela imprensa paraguaia a fontes policiais, Faustino teria mandado eliminar Osmar por ciúmes de Mirna. Para executar a ordem, ele teria contratado Marcio Sánchez Giménez, o “Aguacate”, ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat (morto em 2016) e que se tornou o principal “anjo da morte” da fronteira.

Sem ordem de prisão no Paraguai, Aguacate circula livremente pelo país vizinho acompanhado por quatro caminhonetes lotadas de pistoleiros armados. Um dos autores da chacina seria empregado de Marcio Giménez.

No dia 18, o comissário Hugo Díaz, chefe da Polícia Nacional em Amambay, disse que Derlis David Sanchez Ayala, 23, encontrado morto a tiros três dias antes, foi um dos três pistoleiros que praticaram a chacina. Ele seria o bandido que aparece em imagens de câmeras atirando em Osmar Grance.

Derlis foi executado com tiros de pistola 9 milímetros na cabeça e ao lado do corpo, foi deixado bilhete com a frase “Matei 3 meninas inocentes, fique de exemplo”. O comissário disse que a polícia já tinha pedido a prisão de Derlis Sanchez, mas não houve tempo. Ele foi sequestrado e executado antes.

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