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Interior

Sejusp retira Bope e diminui efetivo de policiais em fazendas

Tropa está na região desde o dia 1º, quando grupo de 200 índios foi retirado sem ordem judicial

Marta Ferreira | 13/08/2019 19:46
Fumaça provocada por fogo colocado pelos índios, segundo a Sejusp, na Fazenda Água Branca, de ondem grupo foi retirado. (Foto: Divulgação)
Fumaça provocada por fogo colocado pelos índios, segundo a Sejusp, na Fazenda Água Branca, de ondem grupo foi retirado. (Foto: Divulgação)

Depois de 12 dias, foi reduzido nesta terça-feira (13) o efetivo da Polícia Militar mantido desde o dia 1º de agosto no entorno na Fazenda Paraíso, no entorno da Água Branca, de onde foi retirado um grupo de 200 índios. Eles invadiram a área alegando se tratar de terra remanescente da etnia Kinikinau, sem terra demarcada em Mato Grosso do Sul. A reportagem do Campo Grande News apurou que o contingente na Paraíso chegou a ser de 25 homens e hoje está em torno de 8.

Na Água Branca, onde estavam pelo menos 15 policiais, hoje o número é de cinco. Outra informação apurada é que houve retirada de policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais), da Cavalaria de Campo Grande e da Polícia Militar Rodoviária Estadual. Ficaram integrantes do Batalhão de Choque, do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e de unidades da região, como Nioaque.

Só a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) está se manifestando, por meio de notas da assessoria de imprensa, sobre a situação em Aquidauana. A reportagem tentou contato nesta terça para confirmar as informações apuradas, mas não houve retorno.

Ontem, a Secretaria havia informado que mantém a tropa na região dado o risco de novas invasões. A alegação é de, como que a fazenda fica a 80 quilômetros da região urbana, não haveria tempo hábil para mobilização em caso de novos problemas.

Além disso, conforme a nota, policiais permanecem na localidade para investigar crimes cometidos durante a ocupação da área. De acordo com o que foi divulgado, houve crime ambiental, de ameaça, furto qualificado e dano ao patrimônio.

Ainda de acordo coma Sejusp, o governo de Mato Grosso do Sul estava preparando pedido de envio da Força Nacional de Segurança, para evitar conflitos na região.

Quem é o dono – Desde o dia em que a fazenda Água Branca foi ocupada, circulou a informação de que a propriedade é da Fundação Bradesco. Procurada, a entidade negou que seja, ou já tenha sido, dona da fazenda. A Fundação tem uma propriedade a 70 quilômetros da área, em Miranda, onde mantém uma escola.

A investigação feita pelo Campo Grande News revela que o verdadeiro dono é de fora de Mato Grosso do Sul e se chama Edson Borges Junior. Ele não foi localizado.

A Fazenda Paraíso, onde está o maior contingente de policiais, pertence ao espólio do empresário Ugo Furlan, falecido em novembro de 2018. A família foi procurada, mas não se manifestou.
Os policiais estão sendo alimentados e hospedados com ajuda dos donos das propriedades, conforme levantado no trabalho de reportagem.

MPF acionado – A presença da tropa é questionada pelas lideranças indígenas da região, onde moram pelo menos 8 mil terenas. Os caciques de 7 aldeias se mobilizaram e já acionaram o MPF (Ministério Público Federal) questionando a presença policial.

O argumento apresentado é que não mais índios próximos da fazenda. A Procuradoria Federal em Mato Grosso do Sul, sediada em Campo Grande, não respondeu ao pedido de informação do jornal sobre o tema. Na semana passada, o MPF informou que abriria investigação sobre a retirada dos índios no dia 1º de agosto, sem ordem judicial.

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