“Selvagem e cruel”, diz líder ruralista sobre execução de colono na fronteira
Presidente da Associação Rural do Paraguai disse que ataque se parece com casos ocorridos no Brasil
O presidente da Associação Rural do Paraguai, Pedro Galli Romañach, chamou de “selvagem e cruel” o ato de sequestradores que na segunda-feira (22) mataram o colono menonita Helmut Ediger Friesen, 74, e dois funcionários dele, na área rural de San Estanislao, a 130 km de Paranhos (MS).
Apesar da violência que impera na linha internacional entre o Paraguai e Mato Grosso do Sul, com pessoas decapitadas, queimadas e até esquartejadas, Romañach disse que seu país não está acostumado com esse tipo de crime, mais comum no Brasil, segundo ele.
“Extremamente selvagem e cruel a maneira como atuou essa gente. Se parece muito com as operações do Brasil, não estamos acostumados a esse tipo de situação”, afirmou o ruralista, cobrando a extinção do grupo criminoso.
Em entrevista a emissoras de rádio do Paraguai, Pedro Romañach disse ter conversado com familiares de Helmut Ediger Friesen, que relataram as últimas palavras do colono de origem alemã.
Ao líder ruralista, o familiar que negociava com os sequestradores contou que Helmut pedia desesperadamente para levantarem o dinheiro do resgate. Um dos funcionários dele já tinha sido executado pelos bandidos, como forma de pressionar os familiares a conseguirem o dinheiro.
“Corre, meu filho, já mataram fulano e vão me matar”, teria dito o colono. Em seguida, em outra ligação, Helmut teria dito que o segundo funcionário também tinha sido morto e que o próximo seria ele.
Os familiares do colono pagaram o resgate, mas ele também foi assassinado. Estima-se que o valor pago tenha sido de R$ 1,6 milhão. Além de Helmut, foram mortos o paraguaio Rolando Dias Gonzales e o brasileiro Odair dos Santos.
Identificados – Em entrevista nesta quarta-feira (24), o comandante da Polícia Nacional, Luis Arias, disse que os autores do sequestro e execuções já estão identificados e sendo procurados na região onde os crimes aconteceram.
Ele disse que os bandidos não são ligados a grupos terroristas, como o EPP (Exército do Povo Paraguaio) e a ACA (Agrupação Campesina Armada). “São bandidos comuns, provavelmente os mesmos que assaltaram esse cidadão [Helmut] em julho passado”, afirmou Arias.