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Interior

Sem materiais e estudando debaixo de árvores, alunos protestam em aldeia

Comunidade da Escola Nhandejara, em Caarapó, fez ato hoje para cobrar providências da prefeitura

Por Helio de Freitas, de Dourados | 18/10/2023 11:31
Estudantes seguram cartazes durante protesto em escola indígena (Foto: Direto das Ruas)
Estudantes seguram cartazes durante protesto em escola indígena (Foto: Direto das Ruas)

Estudantes e professores fizeram protesto nesta quarta-feira (18) na Escola Municipal Indígena Nhandejara, na Aldeia Te'yikue, município de Caarapó. Eles cobram distribuição de materiais escolares e merenda, apontam deficiências estruturais, como obra do refeitório inacabada há anos, salas com ventiladores e condicionadores de ar estragados e redes hidráulica e elétrica deterioradas.

Segundo representantes da comunidade, assim como a boa parte dos estabelecimentos de ensino da rede pública, a escola enfrenta muitos problemas. Entretanto, na aldeia indígena a situação se agrava, pois a maioria dos alunos depende dos materiais distribuídos pela prefeitura.

“Há uns dois anos, o município envia apenas parte dos materiais, como folhas de sulfite. Como não têm cadernos, os alunos são obrigados a improvisar, usando folhas de papel grampeadas”, afirmou ao Campo Grande News um morador da aldeia.

Com as seguidas ondas de calor que atingem Mato Grosso do Sul em 2023, os alunos têm sido levados pelos professores para debaixo das árvores, para conseguir acompanhar as aulas. Segundo os moradores, os aparelhos de ar condicionado nunca funcionaram direito. “O município foi informado sobre essa situação, mandaram pessoal aqui para verificar a reclamação, mas nada foi feito”.

Conforme os moradores da Te'yikue, até mesmo vassouras são improvisadas com galhos para fazer a limpeza da escola, pois estariam faltando inclusive materiais de limpeza. “Até a alimentação servida para os alunos tem que ser improvisada”, reclamou o morador.

“Sem material escolar não há educação de qualidade”, “Precisamos de material na escola”, “Professores sem sala de informática, coordenadores sem sala para fazer atendimento melhor aos professores”, foram algumas das frases que estamparam cartazes mostrados durante o protesto de hoje.

Moradores da Aldeia Te'yikue durante aula debaixo de árvores (Foto: Direto das Ruas)
Moradores da Aldeia Te'yikue durante aula debaixo de árvores (Foto: Direto das Ruas)

Prefeitura – Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o prefeito de Caarapó, André Nezzi (PSDB), afirmou que nunca faltou merenda aos alunos da Escola Nhandejara. “Todos os alunos receberam kits escolares, repostos conforme são solicitados, os aparelhos de ar condicionado estão todos passando por manutenção, assim como em todas as escolas”, afirmou.

Em relação ao refeitório, o prefeito disse que a estrutura não existia e a obra está sendo finalizada, faltando apenas o revestimento do piso com granilite. Segundo ele, a prefeitura aguarda a licitação para a segunda etapa da construção.

“Em nenhum momento a direção da escola ou qualquer outra pessoa procurou administração para questionar sobre isso [problemas apontados no protesto de hoje]”, afirmou André Nezzi.

Caderno improvisado com folhas de sulfite grampeadas (Foto: Direto das Ruas)
Caderno improvisado com folhas de sulfite grampeadas (Foto: Direto das Ruas)

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