Vítima do “tribunal do crime”, homem implorou para ter morte rápida
Quatro bandidos foram presos por matarem homem em setembro; polícia diz que vítima era alcoólatra e não pertencia a facções
Josivan Alves de Lima, 37, o Jorge, assassinado no dia 14 de setembro deste ano em Dourados, a 233 km de Campo Grande, foi vítima do “tribunal do crime”, como são chamados os julgamentos macabros praticados pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Sem antecedentes criminais e alcoólatra, Josivan foi apontado como membro do Comando Vermelho, facção rival do PCC em Mato Grosso do Sul, apesar de não existir prova de sua ligação com os grupos criminosos que agem dentro e fora dos presídios.
Julgado e condenado à pena capital, o homem implorou para ter uma morte rápida. Foi o que contaram os quatro bandidos presos pelo crime. Eles foram apresentados nesta segunda-feira (19) na Polícia Civil.
O grupo queria decepar a cabeça de Josivan, mas a faca usada no crime não era apropriada. Morto com golpes no pescoço, Josivan foi deixado ao lado de uma rua de acesso ao anel viário, na região norte de Dourados.
Estão presos Jackson Ávalo de Araújo, 23, o “Alquimista”, Elvis Luciano Tavares, 20, o “Neguinho”, Renan Moraes, 19, e Marcelo Cosma Martins, 19, o “Chacal”, todos com antecedentes criminais.
As investigações que levaram aos autores do “tribunal do crime” foram conduzidas pelo SIG (Serviço de Investigações Gerais).
“O Josivan era alcoólatra, não tinha antecedentes criminais. Esses bandidos praticam esses crimes para mostrar para os faccionados das grandes cidades que aqui em Dourados eles matam gente do CV”, afirmou ao Campo Grande News o delegado Rodolfo Daltro.
Julgamento e morte – Josivan foi encontrado morto e com as mãos amarradas, sinal característico de execuções perpetradas pelo “tribunal do crime”. As investigações demonstraram que ele tinha sido apontado como integrante da facção contrária ao PCC.
O homem foi atraído pelos autores até uma casa, onde foi amarrado e levado até um barraco na Favela do Estrela Verá, onde foi submetido ao "julgamento" por supostamente ser do Comando Vermelho.
O PCC mantinha uma base nessa favela, desmantelada após prisões e mortes de membros da organização em trocas de tiros com a polícia.
“Esse barraco, atualmente destruído, tratava-se de local utilizado pelo PCC para torturar e julgar aqueles que eram vistos como inimigos da facção. Nesse local foi gravado o vídeo onde o jovem Douglas Sarate aparecia sendo agredido antes de morrer, sendo esse caso também esclarecido pelo SIG e todos os autores presos”, explicou o delegado.
Daltro explicou que após ter sido identificado como opositor ao PCC, Josivan foi retirado do barraco e levado em um local ermo, onde foi esfaqueado no pescoço. Os quatro presos confessaram o crime.
Marcelo Cosma foi o responsável por providenciar o carro utilizado para transportar Josivan. Ele usou uma Fiat Fiorino pertencente à empresa onde trabalhava. Quando tinha 17 anos, Marcelo havia praticado igual semelhante em Campo Grande, também de um opositor ao PCC.
Elvis e Jackson desferiram as facadas contra o pescoço da vítima. “Tratou-se de uma morte praticada com requintes de barbárie, sendo exposto pelos autores que Josivan, ciente de que seria morto, somente clamou que tal ato fosse realizado de modo rápido”, disse o delegado.