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Cidades

Oficial levou PMs do Estado para ameaçar bandidos no PR

Redação | 23/04/2010 13:19

O capitão da Policial Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier é acusado de ter levado dois policiais militares de Mato Grosso do Sul para fazer chantagem e ameaças a grupo rival no Paraná. A denúncia foi apresentada hoje pela manhã pelo Ministério Público Estadual, durante o julgamento dos oficiais acusados de envolvimento na administração de rede de máquinas caça-níqueis desbaratada na Operação Las Vegas.

De acordo com a denúncia, o capitão Xavier foi até Ortigueira, cidade a 247 quilômetros da capital Curitiba, acompanhado de dois policiais militares de Mato Grosso do Sul para recuperar um caminhão bitrem de propriedade da empresa de cerâmica Bem-Te-Vi, registrada em nome de Cristiane de Almeida Xavier, esposa do oficial. Até a descoberta do esquema, a empresa funcionava na avenida Ceará, em Campo Grande, mas fechou e hoje outra cerâmica funciona no local.

O capitão da PM confirmou que esteve na cidade paranaense e registrou boletim de ocorrência sobre o roubo do caminhão na delegacia, solicitando ao delegado que policiais fossem deslocados para acompanhá-lo em diligências pelo município na busca pelo veículo roubado. Enquanto esteve no Paraná, Xavier descobriu o endereço da mãe do assaltante do bitrem e ameaçou colocar um quilo de cocaína na casa da mulher, de modo a incriminá-la por tráfico de drogas, mostram ligações telefônicas interceptadas durante as investigações.

A promotora Tatiana Façanha apresentou um dos telefonemas, de 10 de fevereiro de 2009, em que o oficial diz que não faria nada e só desejava reaver o caminhão. Os bandidos aceitaram o pedido e tiveram que remontar parte do caminhão que havia sido desmontado. Pelo acordo, os assaltantes teriam "passe livre" entre Curitiba e Maringá, de acordo com a investigação.

"Isto dá provas de um acordo perverso entre um oficial da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e bandidos do Paraná", finalizou a promotora de justiça.

O capitão Paulo Xavier é acusado ainda por manter comércio em funcionamento, o que fere o Código Penal Militar. No artigo 204, a participação em comércio, como gerente ou sócio, exceto em casos de acionistas e cotistas, é proibido pela legislação, com pena de suspensão do exercício do posto, de seis meses a 2 anos, ou ainda reforma.

Em depoimentos anteriores, o oficial negou participar da administração da Cerâmica Bem-Te-Vi, porém foram apresentadas 18 ligações telefônicas em que Xavier negocia com fornecedores e coordena motoristas para entrega de produtos.

A imprensa tem acesso ao julgamento, mas sem poder fazer imagens. A previsão é que que o resultado seja divulgado no período da noite.

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