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Cidades

Operação prendeu oito, mas líder do MST que estaria em MS segue foragido

Luana Rodrigues | 04/11/2016 18:03
Policiais em cumprimento de mandados no PR. (Foto: Divulgação/ PC)
Policiais em cumprimento de mandados no PR. (Foto: Divulgação/ PC)

Oito membros do MST (Movimento Sem Terra), suspeitos de integrar uma organização criminosa foram presos durante a “Operação Castra” – deflagrada nesta sexta-feira (4) no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Aqui no Estado, a polícia procurava por um homem identificado como Antonio de Miranda - dirigente nacional do movimento, com forte liderança no Paraná -, mas ele não foi encontrado.

Conforme a Polícia Civil paranaense, as pessoas detidas são investigadas por diversos crimes como organização criminosa suspeita de furto e dano qualificado, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e permitido e constrangimento ilegal.

“Nos deparamos com um Estado paralelo, onde o próprio MST mantinha suas regras. Lá, os integrantes do movimento são julgados e condenados, tendo que passar por 'castigos' impostos pela liderança”, relatou o secretário da Segurança do Paraná, Wagner Mesquita.

A investigação aponta que os assentados eram proibidos de trabalhar com carteira assinada e quando tinham que deixar o local, eram obrigados a pagar uma taxa. Tudo sob os olhares de homens fortemente armados.

Foram presos na operação, Claudelei Torrente de Lima (Cachorro), Tiago Cleiton Ferreira (Perereca), Antônio Cloves Ferreira (Neguinho), Valdemir Xalico de Camargo (Lobisomen), Daniel Ferreira de Almeida (Cabeludo), Fabiana Bagra (Bulgra), Claudir Braga (Graia), Evaldo de Azevedo (Valdo) e Valdemir Oliveira.

Com um deles, a polícia apreendeu um fuzil, uma pistola calibre 9mm, colete balístico, dois rádios comunicador e mais de 50 munições compatíveis. No cumprimento dos dez mandados de busca foram apreendidos ainda celulares, guias de trânsito de animal (suspeitas de falsificação, o que será apurado pela polícia) e equipamentos de uma rádio clandestina que funcionava na cidade de Quedas do Iguaçu, região Oeste do Paraná.

Ainda estão foragidos Antônio de Miranda (Bugre), Rudmar Moeses (Frango), Margareth Barbosa de Souza (Meg), Ana Cláudia Ribeiro Batista (Capivara), Fábio Antônio Maximiano (Baby), Aureo Mendes (Mendes) e Roberto Bueno de Oliveira (Bolacha).

Investigação - Conduzida pelos delegados Adriano Chohfi, titular da 15 Subdivisão de Cascavel, e Anna Karyne Turbay Palodetto, a investigação começou em março de 2016.

Durante a investigação, a Polícia Civil se deparou com uma situação de incêndio criminoso num viveiro de mudas. A delegada Anna Karyne lembra ainda do episódio da invasão da Fazenda Dona Hilda, em Quedas do Iguaçu, quando empregados da propriedade disseram, em depoimento à polícia, terem sido mantidos em cárcere privado por horas e sob a mira de armas de fogo de grosso calibre.

O dono da terra relatou que após a invasão cerca de 1.300 cabeças de gado sumiram. Ainda segundo o fazendeiro, a invasão gerou um prejuízo estimado em R$ 5 milhões no total de danos à propriedade.

“Descobrimos que parte deste gado foi roubado pelos investigados e revendidos. Conseguimos recuperar alguns animais. Em uma destas negociações, os bois foram comprados por R$ 140 mil”, disse Anna. “Temos relatos de extorsão praticada pelos alvos da operação. Eles chegavam a cobrar até R$ 30 mil do fazendeiro para que ele pudesse colher a lavoura de soja”, completou.

Em abril, houve um confronto entre policiais militares e integrantes do MST, que resultou na morte de dois sem-terra. O movimento acusou a PM de fazer uma emboscada, o que foi descartado após investigação da PC e da Polícia Federal. “Durante a nossa investigação, ficou comprovado que integrantes do MST andavam armados e que a PM não fez nenhuma emboscada. O que se percebeu é um grupo extremamente organizado, mas que realizavam diversos crimes”, disse Chohfi.

Segundo a polícia, a ação do MST atingia até mesmo os próprios assentados. Havia, conforme depoimentos colhidos pela polícia, a exigência de pagamentos referente à água, luz e acampamento, no valor de R$ 23. A água, entretanto, seria proveniente de um poço artesiano e a conta referente a energia não seria pago à Copel.

Documentos dos integrantes também seriam recolhidos pelos “administradores” e inclusive a cobrança de uma taxa no caso de necessidade de algum assentado ter se se ausentar do assentamento por um tempo superior a dez dias, que é o estabelecido por eles. No caso do descumprimento de alguma regra, punições eram impostas.

A Operação contou com o emprego de cerca de 70 policiais civis. Foram destacados policiais das delegacias de Cascavel, Francisco Beltrão e Laranjeiras, além de homens da Divisão de Narcóticos (Denarc) de Cascavel, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), do Tático Integrado Grupos de Repressão Especial (Tigre) e do Grupamento de Operações Aéreas (GOA).

Segundo a polícia, o nome “Castra” da operação é porque significa acampamento em latim, locais onde a maioria dos integrantes desta organização criminosa residem.

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