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Cidades

Ordem era para matar ou espancar quem estivesse na frente, denuncia indígena

Michel Faustino e Helio de Freitas, enviado a Caarapó | 15/06/2016 14:23
Nardo mostra local onde foi atacado junto com o garoto de 12 anos ferido. (Foto: Hélio de Freitas)
Nardo mostra local onde foi atacado junto com o garoto de 12 anos ferido. (Foto: Hélio de Freitas)
Cápsulas recolhidas pelos índios em área de conflito. (Foto: Hélio de Freitas)
Cápsulas recolhidas pelos índios em área de conflito. (Foto: Hélio de Freitas)

O confronto ocorrido na terça-feira (14) na região da fazenda Yvu, próximo a aldeia Te’yikuê, em Caarapó, município a 283 quilômetros de Campo Grande, é descrito por lideranças indígenas da região como um verdadeiro 'massacre'. “Eles (pistoleiros) tinham ordem expressa de matar ou espancar quem se recusasse a sair”, relata um dos líderes Guarani-Kaiowá Nardo Avarandy, 54 anos. O episódio resultou na morte de um índio e pelo menos outros seis ficaram feridos.

O indígena relembra com detalhes o momento em que, segundo ele, centenas de pessoas e dezenas de veículos iniciaram a investida ao grupo de cerca de 100 famílias. “Os fazendeiros entraram com umas 15 camionetes, disparando rojões e tiros em direção do povo”, diz.

Conforme ele, as ordens para o ataque partiram de um fazendeiro identificado como 'Virgílio'. “O Virgílio era quem indicava em quem os pistoleiros iriam atirar. Eu fiquei frente a frente com ele, momento em que ouvi ele dizer que estavam ali pra expulsar todo mundo. Quem se recusasse a sair seria morto ou espancado”, relata.

Nardo conta que escapou por pouco de um dos disparos, que acabaram atingindo um menino de 12 anos. “Eu orientei todo mundo para ficar abaixado. Eles (fazendeiros) vieram na nossa direção atirando e eu consegui desviar, mas um tiro pegou na criança”, comenta.

O ataque seria uma resposta à retomada realizada pelos indígenas de Tey'i Kue na Fazenda Yvu, vizinha à reserva. No último domingo, 12, um grupo de 100 famílias reocupou o território chamado de tekoha Toropaso, onde incide a Fazenda Yvu.

“Toda vez que a tenta voltar para nossa terra um índio morre. Até quanto isso vai acontecer”, questiona o indígena.

Hoje pela manhã, a Policia Militar esteve na área de conflito para tentar reaver os equipamentos que foram supostamente roubados de militares na terça-feira. Dois coletes a prova de balas, uma escopeta calibre .12 e três pistolas calibre .40 ainda estão de posse dos índios. Apenas um colete foi devolvido ao comandante da PM em Dourados, tenente coronel Carlos Silva.

Foi instaurado um inquérito policial para apurar os fatos e serão realizadas diligências para identificar os autores das agressões policiais, o roubo das armas e os danos causados à viatura policial.

A morte do agente de saúde Clodioudo Aguile Rodrigues dos Santos, 26, é apurada pela Polícia Federal. Os indígenas informam que Clodioudo foi morto a tiros pelos fazendeiros, mas os produtores dizem que, durante uma confusão, o agente de saúde foi atropelado por um caminhão. O governo do Estado já solicitou a presença da Força Nacional na região para evitar que novos conflitos ocorram.

Índios na entrada da fazenda Yvu, local de conflito. (Foto: Hélio de Freitas)
Índios na entrada da fazenda Yvu, local de conflito. (Foto: Hélio de Freitas)

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