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Bate Papo Empreendedor

A importância de sair de cima do muro!

Heitor Castro (*) | 04/05/2021 14:04

Se imagine diretor de uma empresa, onde as vendas estão em alta, normalmente você estaria celebrando, porém ao invés disso, você está tendo que lidar com o problema de falta de produto, porque a produção está baixa e não esta suprindo a alta procura, e sabendo que não conseguirá atender a todas as vendas; terá que decidir quem atender, quais atrasar e quais cancelar. Sua decisão sempre favorecerá uns e prejudicará outros: clientes desesperados, representantes de vendas irritados e funcionários frustrados. O fato é, se você não tomar a decisão correta, sua reputação com todos será afetada.

Todos nós precisamos tomar decisões difíceis na vida, e no mundo do empreendedor não é diferente, são decisões complicadas que possuem consequências para suas empresas, sua reputação e sua carreira e - quanto maior o peso, maior o medo de agir errado -.

O primeiro passo para tomar essas decisões, é entender o que as tornam tão difíceis. Existem 2 características básicas:

Dúvida: As pessoas nunca têm tempo ou recursos para entender completamente todas as implicações que suas decisões terão.

Complexidade: Mesmo as “melhores” decisões, irão prejudicar algumas pessoas e interferir em algo que as vezes você optaria por apoiaria.

As decisões que todas as pessoas tomam possuem as mesmas características: - Dúvida e complexidade - que nos levam a hesitar, adiar e adiar novamente quando precisamos agir. A pergunta é: O que podemos fazer para tomar essas decisões?


Dúvida - DISI (Desvio, Imediato, Simples e Isolado)

A dúvida que confunde. Nossas reações iniciais à dúvida muitas vezes nos colocam em problemas.

Desvio, muitas vezes parece que os problemas surgem quando, na realidade, falhamos em reconhece-los. Ao invés de lidar com problemas quando eles começam a ferver, nós nos desviamos deles. Por exemplo, talvez tudo estivesse funcionando perto do limite da capacidade na sua empresa e houveram pontos de alerta "ocasionais" em relação a isso. Em vez de abordar esses problemas, você os aceita normalmente. Então, "de repente", você é incapaz de entregar os produtos vendidos.

Imediato, quando um problema aparece, a adrenalina aparece, inundando nosso corpo e muitas vezes nos fixamos na ameaça - imediata -. O fato é que nessa “pensamentosfera” de luta ou fuga, não conseguimos pensar de forma estratégica; mas concentramos nosso intelecto automaticamente e exclusivamente na ameaça óbvia a curto prazo; ou seja, isso significa que perdemos totalmente o contexto mais amplo e as consequências no longo prazo.

Simples, nosso instinto de luta ou fuga também nos leva a simplificar demais as situações. Nós dividimos o mundo em “amigos” e “inimigos” e vemos nossas opções como “ganhar” ou “perder” ou “opção A” ou “opção B”. A visão é que tomar uma decisão bem-sucedida, geralmente requer transcender simplificações e descobrir novas maneiras de resolver o problema; o olhar 360.

Isolado, a princípio, podemos pensar que, se contivermos o problema, será mais fácil resolvê-lo. Por exemplo, pode parecer mais seguro ocultar o problema de seus chefes, colegas e clientes enquanto você descobre o que fazer, mas, como resultado, você pode perder o time da decisão, e então o problema escapa do seu poder de solução e vira um efeito cascata de subsequentes problemas.

Para evitar essas armadilhas - ou para escapar delas depois de cair nelas - é melhor dar passos adicionais para frente sem se comprometer com uma decisão muito rápida.

Avalie com olhar 360. Primeiro, procure considerar e adicionar os riscos de não agir. Em segundo lugar, considere os prós e contras de suas opções, percorra diferentes cenários para descobrir riscos "ocultos" e descobrir novas opções. Faça uma lista mental do positivo e negativo de se mover e não se mover.

Se questione. Desafie qualquer uma das suposições feitas por você mesmo. Pergunte: “Posso agir com as duas opções?” E “Quais outras opções estão disponíveis?”

Converse com quem você confia. Pegue uma panela de salvação, não cozinhe sozinho sobre as escolhas que deve tomar. Converse com as pessoas em quem você confia sobre a decisão e suas variáveis. O fato é que, se você expandir seu círculo, você expandirá suas opções também.

Arrisque em pequena escala. Procure uma forma de baixo risco e pequena escala para testar suas opções. Por exemplo, se você não puder preencher todos os pedidos dos clientes, peça para que os colaboradores liguem para alguns selecionados explicando o atraso e analise qual é a resposta, etc.

Tome uma atitude. Na sua mente, procure quebrar uma decisão complexa em várias etapas simples. Determine o próximo passo que você precisa tomar e, em seguida, faça! Por exemplo, o próximo passo não é: “Cancelar todos os pedidos”. Em vez disso, pode ser: “Ligue para alguns clientes e explique a situação”.


Complexidade

Quando você sabe que sua decisão vai impactar negativamente outras pessoas      - ferir clientes fiéis ou prejudicar seus colaboradores. -

Não subestime o dano causado. Quando você tem que "compensar" alguém, é tentador ignorar ou subestimar o dano causado. Embora isso possa fazer com que você se sinta melhor sobre a sua decisão, geralmente acrescenta algo negativo para a pessoa que está recebendo. Por exemplo, se você decidir reestruturar um setor, algo que pode significar realocar um colaborador competente, é importante reconhecer o sacrifício que ela fará, e não minimizá-lo, tentando convencer de que não será tão ruim assim.

Fuja de rótulos. É muito fácil ver quem venceu e perdeu e, em seguida, argumentar menosprezando quem saiu perdendo. Por exemplo, se você decidir cumprir os pedidos de alguns clientes e atrasar de outros, não tente se sentir melhor dizendo que os pedidos que foram atrasados, não são valorizados porque nem sempre pagam em dia ou não consomem muito. Isso pode enganar sua mente sobre o dano que você causou, mas compromete seus valores. Em vez disso, reconheça, tenha integridade e honre todos que devem suportar o lado negativo do impacto da sua decisão.

E quando suas decisões resultarem em danos indesejados ou forçarem você a comprometer seus valores, coloque isso em mente:

Transparência. Sempre seja o mais claro possível sobre a sua intenção, explique que você está em uma situação difícil e, independente da decisão que você tomar, infelizmente irá prejudicar alguém. Ou seja, você não deseja consequências negativas para ninguém, mas infelizmente é impossível evitar.

Compensação. Procure formas de construir novamente o que foi descontruído. Trate as pessoas de forma preferencial no futuro para restaurar um - senso de justiça - ou oferecer oportunidades para compensar o que foi perdido. Por exemplo, se alguns de seus vendedores perderem comissões das vendas que você precisou cancelar, permita que essas vendas canceladas sejam contabilizadas para um "bônus" no futuro.

Minimize. O fato é que as pessoas tendem a amplificar tudo, principalmente quando más notícias aparecem. Imaginam e ficam obcecadas com quaisquer que sejam as piores coisas possíveis de acontecer. Se você conseguir antecipar esses "piores" cenários, e tirá-los da realidade - que honestamente, eles nunca vão acontecer - você pode ajudar a acabar com todos os medos.

Reconheça. Quando suas decisões resultam em danos para alguns, coloque o dano como um sacrifício que estão fazendo para o bem maior. Seu espirito de grupo de “levar um tiro pelo time” deve ser visto como algo positivo, faça sempre o seu melhor para transformar essas pessoas em heróis.

Conclusão? Todas as decisões da sua vida, sejam elas profissionais ou pessoais, podem ser simples ou complexas, mas se você entender de forma ampla o papel que a dúvida e a complexidade desempenham para dificultar essas decisões, você pode agir de forma consciente para garantir que está aplicando as melhores escolhas com as informações que possui em mãos, e ainda ajudar as pessoas afetadas por suas decisões a aceitar melhor todas as consequências.

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