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Em Pauta

1º cidade do MS foi Santiago de Xerez; o Estado era N. Andaluzia

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 06/05/2024 08:05
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Os espanhóis que viviam em Assunção, no Paraguai, elaboraram um plano de tomar conhecimento e ocupar o imenso território de que tinham parcas informações. Criaram duas cidades no atual vizinho - totalmente destruídas pelos paulistas - e uma no Mato Grosso do Sul. Essa primeira cidade estava localizada em Naviraí. Mas logo foi abandonada. Fome, seca, excesso de insetos, perda de colheita, constantes ataques guaranis e dificuldades de entendimento de seus construtores com as autoridades de Assunção, inviabilizaram a vida na localidade. A cerimônia de fundação da primeira Santiago de Xerez ocorreu no dia 24 de março de 1.593. Não conhecemos o lugar exato dessa tentativa de urbanização. A cidade seria comandada por Ruy Diaz de Guzman, ferrenho inimigo do presidente paraguaio Henandrarias de Saavedra. Começaram a construir um forte e algumas casas. Desistiram do lugar, mas não do projeto. Foram para o Pantanal.


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A Santiago de Xerez de Aquidauana.

Para todos os efeitos, a Santiago de Xerez erigida pelos mesmos espanhóis que haviam desistido de Navirai, é a de Aquidauana. O Estado, inicialmente seria chamado de Nova Vizcaya, mas logo mudaram para Nova Andaluzia. Se os espanhóis tivessem persistido no intento de colonizar está região, seríamos moradores de Nova Andaluzia. Suas ruínas são claramente determinadas em uma fazenda próxima de Aquidauana, e foi levada ao público pelos esforços de escavação do professor da UFMS Gilson Martins. Só falta alguma autoridade construir um museu em seu entorno.


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Os indígenas da região.

Entre os povos que habitavam a região havia os Guanchas, divididos em três aldeias, somando aproximadamente mil indígenas. Também havia os Guatós, divididos em dois povoados, somando outras mil pessoas. Por último, havia os Guapis, com não mais de cem indivíduos. Falavam línguas diferentes. Como se vê pelo documento da época, escrito por um jesuíta, não eram tribos populosas. A terra é descrita como fértil, de bons pastos, montes, rios, boa caça e muito arroz selvagem. O atual rio Aquidauana era chamado de rio dos Apóstolos. Seus fundadores eram todos mestiços. Apesar dos esforços, a vida era quase famélica em Santiago de Xerez. Pelo menos duas vezes necessitaram de socorros de Assunção para se alimentarem.


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O debande começa com a fuga de um padre.

Santiago de Xerez existiu até 1.632. Muitos de seus colonos desistiram e voltaram para Assunção. Mas o que mais causou tensão foi a fuga de um padre. Ele foi a São Paulo. Provavelmente esse padre entregou a localização de Xerez para os paulistas da bandeira de Raposo Tavares. E foi um dos braços da coluna desse bandeirante que destruiu tudo. Mas, antes desse ataque paulista, Santiago de Xerez já tinha sido abandonada pelos mestiços de Ruy Diaz de Guzman. Na região, só restavam os indígenas. Os paulistas aprisionaram uma multidão de indígenas. Outros, fugiram atravessando o rio Paraguai, indo para o lado das tribos de chamacocos.


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Se não tem ouro  e nem prata, tem mercúrio?

A história dos espanhóis no Mato Grosso do Sul é abarrotada de lendas. Que, aliás, perduram. Teriam chegado ao Pão de Açúcar, a montanha de prata de Potosi, na atual Bolívia. De fato, até hoje, há um monte em Porto Martinho, com esse nome. Era apenas uma mentira, uma lenda, mas o nome foi conservado. Também teria passado pela região um branco de nome Aleixo ou Alejo Garcia, liderando milhares de guaranis. Essa tropa teria chegado ao ouro dos incas e trazido até nossas fronteiras. Uma besteira. O pouco ouro dos incas não era da Bolívia e nem do Peru, era da Colômbia. Não encheu nem a metade de um quarto onde estava preso Ataualpa, o líder inca. Como não conseguiram ouro e nem prata, inventaram outra lenda: na Santiago de Xerez de Aquidauana, teria uma imensa mina de mercúrio. Esse metal líquido é utilizado para separar ouro da lama e demais resíduos, tinha e continua tendo, um razoável valor.


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Não perseveraram e quebraram a cara.

Os espanhóis, nessa época, estavam no ponto máximo de riqueza. Porco, a montanha de prata de Potosi, também chamada de Pão de Açúcar, tinha lhes dado uma fortuna colossal. Tinham dinheiro para mandar para Santiago de Xerez milhares de tropas e dominar toda a Nova Andaluzia. Mas estavam totalmente voltados para as riquezas absurdas de Potosi. Ao mesmo tempo, enviando tropas para a Colômbia e o Equador atrás de outra lenda: a do menino dourado, posteriormente chamada de Eldorado. Nunca encontraram um menino de ouro e nem uma mina desse metal. E ele estava bem perto. Um século e meio depois, os paulistas o encontraram no atual Mato Grosso.

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