A igreja onde crer em Deus não é muito necessário
Ela é uma igreja presbiteriana, no coração de Manhattan, em N.York. Mas está virando o maior caso de sucesso, de transformação por que passa o cristianismo do século XXI. Todos são aceitos pelos pastores e pela congregação. As portas da igreja estão abertas para judeus, católicos romanos, vagamente espirituais... ou ateus.
O sermão de domingo era sobre os perigos dos vegetais geneticamente modificados. Há muito ativismo ambiental na igreja. Logo, muitos dos que acorrem a ela, também se envolvem em aspectos mais tradicionais. "Eu não posso acreditar que estou fazendo isso, cantando as coisas da religião", diz uma ex-atéia. "Foi maravilhoso encontrar um lugar maior do que eu, me envolvendo na comunidade e prestando serviços. É bom encontrar uma comunidade real como essa", conclui a nova cristã de 58 anos.
O tecido conjuntivo não é a fé.
Normalmente, o tecido conjuntivo de qualquer congregação é um abraço de fé compartilhada. No entanto, nessa igreja do Upper West Side de Manhattan, o abraço é comunitário. Compartilhar uma crença em Deus não é necessário. Em vez disso, a comunidade foi cercada por um código diferente. Todos são atraídos por esforços de justiça social, ativismo contra as mudanças climáticas, programas de refeições para os sem-teto e uma força tarefa para ajudar as famílias de refugiados. Os estudiosos da religião já entraram em cena. Afirmam que essa igreja está alcançando uma nova fronteira, estão se reinventando periodicamente. James Hudnut Beumler, um dos mais conceituados professores de história das religiões afirma que "essa não é a primeira reinvenção da igreja cristã, mas é uma das mais interessantes". Os que entram nesse santuário encontram um lugar para angariar fundos, ativismo e desenvolver laços com a região onde residem.
Não são marginalizados, são abraçados.
"As pessoas que de outra forma, se sentem marginalizadas ou expulsas pelas congregações regulares, ou aquelas que gostam de fazer perguntas sobre fé, começaram a se reunir em torno de nossa congregação", diz o reverendo Andrew Stehlik, pastor da igreja. "Nós os chamamos de amigos da igreja". "Eles são parte substancial da comunidade de louvor daqui", conclui o pastor. "Você deve dar boas vindas aos que buscam nosso convívio". Nela, há também projetos de arte e de educação laicos.
Frustração com a política.
Uma característica comum aos membros dessa igreja é a frustração com a política. Upper West Side é uma das regiões mais politizadas não só de N.York, mas dos EUA. De certa forma, faz parte do DNA deles estar constantemente pensando em outras pessoas e em maneiras de tornar o mundo melhor. Essa é uma região de classe média alta que sempre esteve envolvida com todas as transformações dos últimos decênios. Estavam nas primeiras fileiras dos que aceitaram a pílula anticoncepcional. Apoiaram o "paz e amor" dos anos 70 e 80. O primeiro computador em uma igreja foi ligado nesse templo. Contestaram a pena de morte.... Hoje, não apontam o dedo, há raras lições de moral. Criaram uma nova conceituação: "cristão observadores", aqueles que, talvez, algum dia venham a se tornar membros da fé religiosa.