A manga explica a incapacidade de Lula
Há doze anos, a Sicília, na Itália, começou a substituir as plantações de uva e limões por manga. À medida que a bagunça climática complicava o plantio dos produtos historicamente emblemáticos italianos, cresce o numero de agricultores que seguem o mesmo caminho. O aumento da temperatura, as mudanças nas precipitações e novas enfermidades são alguns dos efeitos climáticos que estão mudando o que se cultiva em todo o mundo. O Brasil ainda insiste em manter os mesmos cultivos de sempre. Faltam estudos e, principalmente, falta governo que direcione, invista em alternativas para o campo. Não é assim na Itália e em alguns países.
A América do Sul andina troca o café pela quinoa.
Os produtores de algumas regiões andinas recorrem cada vez mais a variedades de quinoa altamente adaptáveis e tolerantes ao estresse da falta de água. Em lugar de cultivos sensíveis ao clima, como o café, suas universidades estudaram e ofereceram boas alternativas com a quinoa resistente à seca. A mesma mudança ocorre com as plantações de milho. Estão plantando variedades com maior resistência à seca. Não é, portanto, apenas um problema a ser equacionado por países ricos.
A manga ilustra as mudanças.
A fruta, que supera em vendas a maioria de suas homólogas tropicais, é cultivada em 120 países. Mas os principais produtores são o Brasil, México e Perú. Os três estão passando por problemas climáticos e vem perdendo vendas. Grande parte do sul da Itália desfruta de um clima mediterrâneo caracterizado por verões calorosos e invernos suaves, que proporcionam as condições ideais para a plantação de frutas tropicais. E é assim que o governo italiano vem trabalhando. Substituindo plantações que estão ruindo com a bagunça climática por aquelas mais adaptadas ao clima local. A Sicília, Puglia e a Calábria estão acelerando a plantação de manga. Começam também a experimentar a de abacate. Em 2023, as plantações de manga ocupavam milhares de hectares em toda a Itália, frente a 500 hectares em 2019 e apenas 10 hectares em 2004.
Comunicação e trabalho sério.
A Itália vem sendo governada pela ultra-direitista Giorgia Meloni. Não se equivoquem, a primeira-ministra italiana não pertence à cepa daqueles que negam o aquecimento global. Como também não se interessa por debates inúteis como a sexualidade ou a cor da pele das pessoas. Seu pensamento, no entanto, está lado a lado com o combate às imigrações, típico da direita extremista europeia. Mas ela sabe se comunicar na hora que surgem problemas sérios. Explica com clareza e uma fartura de dados o que acontece com as videiras e limoeiros do sul italiano. Também mostra que as plantações de manga (talvez de abacate) podem substituir as tradicionais. Os italianos sabem, com exatidão, o que acontece com seus principais cultivos. Meloni não vai à televisão dizer que a culpa é da bagunça climática e, a seguir, voltar para o conforto do Palazzo Chigi, sede do governo, para dormir. Trabalha. Comunica a verdade com informações precisas. Também não diz ao povo para trocar o limão ou a uva por outra fruta. Muito diferente dos brasileiros. Tem alguém que saiba explicar o que acontece com o preço do café, por exemplo? Ou ainda pior, quando o brasileiro comerá picanha e tomará uma boa cerveja, aos domingos? Pensando bem: temos governo? Acreditar que Janja, Rui Costa e Haddad podem governar um Estado é perto de uma alucinação.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.