A pena de morte ainda vive. Mas tem eficácia na redução dos crimes?
A pena de morte ainda vive
Por mais abjeto e estranho que possa parecer a escravidão foi um avanço humanitário. Na Antiguidade os prisioneiros tinham um único destino: a pena de morte. O primeiro passo para sair da matança desenfreada foi a escravidão. Da escravidão os humanos saltaram para a prisão. Foi um passo gigantesco.
Ainda existem muitos países que continuam a praticar a mesma justiça da Antiguidade adotando a pena de morte. São 57 países que mataram 778 só no ano de 2013. Essa prática de milhares de anos coloca hoje 23 mil pessoas no corredor da morte.
Os métodos de execução variam de país a país. A maioria prefere o enforcamento. Outros adotam a decapitação (Arábia Saudita), o fuzilamento (China, Indonésia Coréia do Norte, Iemên e Taiwan). Os Estados Unidos adotam uma execução que entendem como mais "humana": envenenamento e eletrocussão. Em alguns países a pena de morte é um show. As execuções são públicas no Irã, Coréia do Norte, Somália e na Arábia Saudita. Mas existe um debate que se eterniza - para que serve a pena de morte? Ela tem eficácia na redução de crimes? Mais de 80% dos especialistas norte americanos ouvidos concluíram que a pena de morte não reduz crimes. Por outro lado, a Universidade Houston (EUA) concluiu que cada execução no Texas preveniu entre 11 e 18 homicídios naquele Estado. Ainda nos Estados Unidos, um estudo da Universidade de Michigan indica que um a cada 25 condenados à morte nos EUA é inocente.
Antes de morrer, viva
Trabalhar e ser feliz. O tema está em voga. Muito reverbera uma pesquisa da universidade norte americana Stanford que apontou nível de insatisfação de 81% com o trabalho justamente entre os mais altos dirigentes empresariais. Estuda-se e propõe-se cada vez mais a busca de equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal. Tal desequilíbrio talvez constitua a grande explicação para o elevado nível de desgaste vivido por altos executivos, que, por isso mesmo, encerram precocemente a carreira, seja por decisão própria, seja porque os empresários já o percebem sem a chama necessária.
Em um raciocínio primário, ocupação, remuneração e certa dose de poder, deveriam, por si só, dar satisfação às pessoas. Mas, de modo intrigante, não é o que ocorre. Precisa contar com ampla relação com pessoas, enfrentar desafios, sentir-se competente e ter liberdade para tomar decisões.
No plano pessoal, diversas pesquisas apontam que fatores como boa saúde, relação amorosa alimentadora, boa presença na comunidade e altruísmo guardam relação direta com o sentimento de felicidade. Só assim se obtém alguma motivação para quem passa a maior parte da vida no ambiente de trabalho. Antes de morrer, viva!
Por que os machos vivem menos
A imprensa regularmente publica reportagens sobre como as atividades rotineiras podem prejudicar nossa saúde. Mas o risco à saúde global de maior alcance e, no entanto, mais negligenciado, talvez sejam os comportamentos geralmente vistos como adequados ao homem ou à mulher.
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, em todos os países do mundo, exceto três, a expectativa de vida das mulheres é superior à dos homens. O campeão é o Japão, onde as mulheres vivem 7 anos a mais que os homens.
Há muito que a expectativa de vida das mulheres vem sendo associada a diferenças na predisposição biológica, com teorias que variam de proteção proporcionada pelos níveis de ferro mais baixos nas mulheres e a ausência de genes extras no cromossomo Y dos homens. São teorias.
Mas alguns dos fatores mais óbvios para abreviar a vida dos homens devem ser encontrados em uma área mais prosaica, mas politicamente sensível – as diferenças de comportamentos de homens e mulheres, de acordo com o que é ditado pela sociedade e reforçado pelo mercado.
Dados publicados pela The Lancet, revista científica inglesa, mostram que as 10 doenças que mais causam estragos no mundo são mais comuns nos homens que nas mulheres. Por exemplo, as mortes decorrentes de acidentes rodoviários e pelo consumo de álcool diminuem os anos de vida três vezes mais nos homens que nas mulheres.
Essas diferenças podem ser explicadas, em grande parte, pelo fato de que os homens se expõem a mais riscos do que as mulheres. Também pesam as normas que a sociedade cria reforçando comportamentos arriscados e insalubres para os homens. Por exemplo, os produtores de bebidas alcoólicas são os principais patrocinadores de esportes masculinos, mas raramente dão apoio a eventos voltados para as mulheres.
Pior ainda, os anunciantes, com frequência, promovem uma filosofia de: “viva intensamente, morra jovem” para encorajar os homens a ignorar os riscos à saúde.