A química contra Mussolini
"Ocorre, pois, que cada elemento químico diz algo a cada pessoa (a cada um uma coisa diferente), igual o que acontece com os vales ou as praias visitadas durante a juventude". Esta afirmação define e pertence ao melhor livro de ciências jamais escrito. "O sistema periódico" é uma das ultimas obras de Primo Levi (1919 - 1987), químico, sobrevivente de Auschwitz e escritor. Exatamente nessa ordem, sem alternância possível. Levi escreveu "O sistema periódico" em 1975, três décadas depois de estar em um campo de concentração. O livro é composto por 21 capítulos de histórias pessoais a que atribui e relaciona com um elemento químico. O título é a metáfora. Não é um livro inteiramente científico, dois capítulos são mera ficção, algo que parece ser incompatível com as ciências. Todavia a química salvou a vida de Primo Levi.
Desde o principio, conta Levi, a química se converte no escudo contra o fascismo de Mussolini. Contra a segregação de raças, a marginalização dos judeus. No capitulo intitulado "Zinco", Levi aproveita o comportamento desse elemento - dócil na fusão com outros ácidos, mas resistente aos ataques no estado puro - para sacar outras conclusões. "Para que a roda dê voltas, para que a vida seja vivida, fazem falta as impurezas". Faz falta a dissensão, a diversidade, o grão de sal e de mostarda". O fascismo não quer essas coisas, as proíbe". " [Os fascistas] querem que todo mundo seja igual, e você não é igual". O escritor vincula-se com esse elemento: "Eu sou a impureza que faz reagir ao zinco, sou o grão de sal e de mostarda. Justamente naqueles meses se iniciava a publicação do livro A Defesa da Raça, se falava muitíssimo de pureza, e eu começava a sentir orgulho de ser impuro".
Levi só dedica um capítulo ao campo de concentração. Chegou ao inferno com mais de 600 judeus italianos e foi um dos 20 que dele saíram. Sua sorte teve nome de elemento químico: Cerio. Graças a seus conhecimentos químicos, Levi é destinado a um laboratório da I.G.Farben que produzia uma goma. Isso lhe permitiu evitar os trabalhos forçados e o terrível frio da Polônia. Mais do que isso, lhe permitiu roubar quarenta cilindros de cério, de cada um podia tirar três pedras de isqueiro. "Uma pedrazinha de isqueiro tinha a mesma cotação de uma ração de pão, equivalia a um dia de vida. No total foram 120 pequenas pedras de isqueiro, metade para ele e a outra metade para um companheiro de nome Alberto. Equivaleram a dois meses de vida para cada um.
O suficiente para a chegada dos russos que os libertaram do campo de concentração.
A melhor tabela periódica ilustrada para estudar os elementos químicos
Quando o russo Dmitri Mendeléyev publicou em 1869 sua célebre tabela periódica, ordenou os elementos químicos conhecidos então - 63 dos 94 que existem na natureza - de acordo às características de seus átomos. Seu trabalho abriu as portas para adentrarmos ao mundo dessas matérias constituintes de tudo que nos rodeia. Quase todos passamos horas na escola, ou na faculdade, memorizando alguns de seus estranhos nomes, ainda que não soubéssemos para que serviam, quais suas utilidades práticas. Por isso, é de agradecer ao pai norte-americano que criou uma tabela periódica ilustrada e interativa. O físico Keith Enevoldsen criou uma tabela que publicou em sua web, com só um click podemos saber que aplicações têm na vida cotidiana o molibdeno, o kripton, o tálio ou o bismuto.
"Fiz a tabela para mim e para meus filhos, e a coloquei na internet para que outros a desfrutassem", explicou o físico. Uma de suas inspirações foi um livro de 1958 de Isaac Asimov, chamado "Building blocks of the universe", que apresenta brevemente os 105 elementos que então estavam na tabela. Mas dissemos que na natureza só existem elementos. O resto deles - os que têm numero atômico que vão de 95 a 118 - foram criados pelos humanos em laboratórios, e são conhecidos como elementos sintéticos. Muitos deles ainda não têm nenhuma aplicação conhecida. Querem saber quais foram os últimos a serem incorporados na seleta tabela? São quatro metais superpesados: Nihonio (Nh), Moscovio (Mc), Téneso (Ts) e Ogáneson (Og). Todos os quatro têm uma vida muito breve, de apenas alguns segundos e uma alta radioatividade, o que dificulta muito seu estudo.
Os ovos de jade vaginais de Gwyneth Paltrow e outros mitos
Os disparatados conselhos de saúde e bem estar dados pela atriz Gwyneth Paltrow em sua pagina da web "Goop", criaram duas ondas. A primeira foi a daqueles que passaram a seguir sua "orientações". A outra, de mesmo tamanho e intensidade, foi a de médicos e cientistas reprovando tudo que a atriz afirma. Seus conselhos referentes aos cuidados com a vagina são os mais famosos (e refutados), bem como suas "técnicas" para melhorar a vida sexual. Depois dela aconselhar as mulheres a sentarem em uma onda de água quente com ervas - para "limpar o útero" -, algo ridículo e potencialmente prejudicial, a atriz voltou à carga promovendo o uso de ovos de jade na vagina para favorecer os orgasmos, fortalecer os músculos vaginais, balancear os hormônios e melhorar a energia.
Os especialistas não tardaram em prevenir sobre os riscos que podem causar os ovos de jade (vendidos no site da atriz). Dizer que ajuda no equilíbrio hormonal é biologicamente impossível. Que ajuda a energia feminina? É uma ideia totalmente sem sentido. O pior é o "conselho" de dormir com os ovos na vagina. Isso só serve para reproduzir bactérias e pode causar síndrome de choque tóxica. Ainda assim, os ovos de jade da Gwyneth continua vendendo em grande quantidade, inclusive por aqui. Quando aprenderemos que os artistas podem nos induzir a severos erros?