Aplaudir ou vaiar: um fosso entre os adeptos do "vale tudo" e os éticos do PT
O dilema de um partido no poder: aplaudir ou vaiar?
Salvador, hotel elegante na beira mar. É nele que ocorreu o V Congresso Nacional do PT. Alguns militantes usavam uma camiseta com os dizeres: "Fora o plano de Levy". O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, poderia virar o Judas da história caso a direção do Congresso não tivesse colocado obstáculos. Em um primeiro momento o documento do congresso, denominado "Carta de Salvador", trazia inúmeras críticas ao "ajuste fiscal". Página após página, foram retiradas. O PT sofre também com uma indefinição de seus rumos - aplaudir ou vaiar a nova política econômica governamental.
Mas, há outra indefinição ainda maior. Ao ouvir o nome de João Vaccari, acusado de pertencer à trama corrupta do Lava Jato, os participantes do Congresso aplaudiram. Entusiasticamente. Essa aclamação que durou três minutos e serviu para redimir o tesoureiro do partido (Vaccari era o tesoureiro até ser preso) aos olhos dos congressistas, abre um fosso entre os adeptos do "vale tudo" e as alas éticas do PT. Pior, poderá criar alguma incompatibilidade entre o discurso de Dilma de perseguir a corrupção seja lá onde ela estiver e os aplausos a um importante acusado de corrupção pró partidária.
O pêndulo do conservadorismo.
O PT é mais corrupto que o PSDB ou PMDB? Não. Esta é uma avaliação simplista. Serve mais para o torcedor. O PT entrou em um esquema de desvio de verbas públicas que levou seus principais dirigentes, assessores e empreiteiras "amigas" para a cadeia. O PMDB teve alguns de seus parlamentares na mesma "moradia" ao longo de sua mais longa história. E o PSDB, até agora, conta com a clara e evidente leniência, lentidão e suavidade do Poder Judiciário e somente por isso não tem uma tropa fazendo companhia aos petistas.
Aquele militante ideológico do PT, deve estar sofrendo. É o único partido que mantêm trabalho de base, mas tem escassas chances de se recuperar. A animosidade contra o PT vista na disputa presidencial, tende a crescer muito em 2016. Mais que rejeição, o PT despertou ódio e deverá pagar um preço alto nas eleições municipais. E o pior para eles, seu antigo discurso dividindo a sociedade em pobres e ricos, nós contra eles, não se sustenta mais. Terá de construir um novo discurso.
Mas, há algo raro na alta cúpula petista. Dilma está sendo de uma lealdade impressionante a Lula. Dela não parte uma só declaração de confronto, o que é incomum no Brasil em se tratando de um sucessor. A palavra que determina a vida dos sucessores é "ingratidão". Ou não se recordam dos tucanos atacando FHC? Em nosso Estado a ingratidão também é a regra nas relações entre poderosos e seus sucessores.
Só o amor destrói.
O amor de namorados constrói. O amor partidário é destrutivo. Está umbilicalmente ("intestinalmente"?) vinculado ao fanatismo. O fanatismo é irmão siamês do ódio. São esses sentimentos extremados, de amor e de ódio, que levaram um jovenzinho idiotizado, de família tradicional petista do Mato Grosso do Sul, ao centro do ódio ao petismo. Em São Paulo, a última moda é vaiar petista em locais públicos. A vaia é democrática. A vaia é o estertor do ódio. Começa no cérebro, vai à garganta, daí à boca...e aos punhos?
A política é uma moeda com duas faces, mas elas nem sempre estão presentes na mesma época. A face do ódio dos petistas para com todo o "resto" se fez presente no país, e em nosso Estado, por duas décadas. O "resto" eram os peemedebistas, pecuaristas e sojicultores. Propugnavam pela eliminação do "capital" e em defesa do "trabalho". Grupos de petistas se faziam presentes nos eventos dos fazendeiros e comícios do PMDB para vaiar. O ódio levou ao assassinato de um peemedebista em um longínquo comício na Coophavila. Essa memória não pode ser apagada.
É fundamental o questionamento do futuro das vaias e dos ódios. Hoje é a vaia, amanhã será a morte? Não podemos apequenar o raciocínio acusando a todos os petistas de corrupção. Não podemos acusar a todos os petistas de fomentadores do ódio (que hoje se volta contra eles). O amor excessivo e o ódio conduzem às armas. A democracia é, antes de tudo, o repúdio à beligerância armada. Destruam o amor partidário. O amor destrói.
O Brasil dos cozinheiros tem seu Guia Michelin.
A primeira edição sul-americana da coleção internacional do famoso livro vermelho dos protagonistas da cozinha foi dedicada às cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Traz uma seleção dos melhores restaurantes das duas metrópoles. Para apontar na agenda dos gastrônomos, em São Paulo: D.O.M, Maní, Mocotó, Fasano, Epice, Attimo e o Vito estão entre os melhores. No Rio de Janeiro: Sudbrack, Irajá Gastro, Olympe e Fasano ao Mare. O guia Michelin foi publicado foi publicado pela primeira vez em 1900. Hoje, existem 24 guias que cobrem 24 países em 4 continentes. O Brasil é o único país da América do Sul a contar com o prestígio do guia.
Cala boca já morreu. O STF matou a censura às biografias.
Vem aí uma nova versão da biografia do cantor Roberto Carlos. Ela está pronta e só não está nas livrarias por conta de uma decisão judicial e agora está morta e enterrada. Deve vir aí, também, uma nova biografia do cantor Geraldo Vandré que diz que ele não ficou louco por ter sido torturado pela ditadura militar. Será conflituosa. Garrincha, Manoel Bandeira e Leminski terão suas vidas escritas ou reescritas. A lista é infindável. Muitas biografias são esperadas de agora em diante no mercado editorial brasileiro, sem que nenhum biógrafo tenha de pedir autorização prévia àquele sobre quem deseja escrever. Isso porque o STF descartou, por nove votos a zero, a censura às biografias que se tentava emplacar no país. Até que enfim. Antes tarde do que mais tarde.