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Em Pauta

Arte Moderna, Independência e Lima Barreto, o ano dos centenários

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/01/2022 06:30
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2022 será o ano das efemérides, dos centenários. Será o ano do centenário da Semana de Arte Moderna, que inaugurou um outro Brasil no cenário cultural, mas que deixou fora da régua e compasso povos secularmente excluídos como as populações negras e indígenas. É certo que o grupo de vanguarda paulistano os representou, mas não deu espaço para que negros e indígenas tomassem parte direta dos eventos que foram programados para aquela semana. Representados sim, partícipes não.


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Bicentenário da Independência.

2022 será também o ano do Bicentenário da Independência. Na verdade, um evento está colado no outro, tal qual um pássaro e sua sombra. A Semana de Arte Moderna foi realizada justamente para se opor às celebrações ufanistas e patrioteiras que estavam sendo preparadas para acontecer naquele ano: bandas cortejos, desfiles....a ideia do governo de Epitácio Pessoa era desviar a atenção dos graves problemas de miséria que o país atravessava e das greves que estouravam. Pretendiam transformá-la em uma Independência fardada, militar. Pretendiam?


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Independência: mudar para ficar tudo igual.

A Independência foi um processo de mudanças para nada mudar. Um pacto entre o sistema escravocrata, a nova proeminência do Sudeste, a propriedade agrária e monocultora. Pedrinho I, o reizinho taradão e incompetente, seria um símbolo de unificação. Unificar as elites mais atrasadas do país. Unificar aqueles que não deixavam o país crescer e tratar melhor seus habitantes. Foi assim que viramos uma monarquia cercada por repúblicas de todos os lados. Uma grande ilha devotada ao atraso. Um país do futuro com os dois pés atolados no passado remoto.


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"Esqueceram de mim", talvez dissesse Lima Barreto.

2022 será também o ano do centenário da morte de Lima Barreto, esse autor negro, único para o Brasil, ma que ficou fora da festança da Semana de Arte Moderna. Ele, que criticava os estrangeirismos, que denunciava as mazelas dos políticos e as discriminações correntes e cotidianas do período pós-abolição. Morreu muito jovem, com 41 anos. Morreu de racismo, essa doença que chegou no primeiro navio negreiro e nunca mais foi curada. Lima Barreto não pode ser esquecido.

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