As favelas são propriedade privada dos traficantes
Outro turista foi assassinado no Brasil. O fato ocorreu na mesma hora que o governo anunciava a perspectiva de aumento do turismo. A notícia do assassinato está em todos os jornais europeus. Roberto Bardella tinha 52 anos. Junto com Rino Polato, saíram de Veneza, na Itália, para uma viagem por alguns países da América do Sul. Visitaram Assunção, no Paraguai; Buenos Aires, na Argentina, e, de Curitiba foram para o Rio de Janeiro.
Os dois italianos tinham visitado o Cristo Redentor e se dirigiam para a praia, seguindo as indicações de uma aplicativo com GPS. Sem perceber, chegaram a uma favela. Depois de 300 metros, um grupo de dez traficantes bloqueou suas passagens. Os bandidos perguntaram pela câmera tipo Go-pro que Bardella levava e, imediatamente, dispararam o fuzil. Bardella morreu com um tiro na cabeça e outro no braço. Polato saiu ileso.
Apesar da "pacificação" de 30 favelas cariocas que, desde 2008, leva inutilmente contingente de policiais às regiões mais carentes para neutralizar o domínio do tráfico de drogas, a entrada nas favelas depende da aprovação de seus donos, os narcotraficantes. Enquanto os poderosos não se cansam de lutar pelo poder, os mais humildes vivem em território dominado por bandidos que nem mesmo piscam para atirar. Crueldade sem limites com os moradores e com desavisados - estrangeiros ou brasileiros - que entram nessas propriedades privadas. E ainda torram dinheiro com Olimpíadas e eventos que visam "melhorar nossa imagem lá fora". Pura enganação.
Ducha de água fria nas vendas de terras brasileiras
Por trás do debate para liberar a venda de terras brasileiras para estrangeiros há a forte esperança que os chineses acorram em massa sobrevalorizando os valores atuais dos imóveis rurais brasileiros. A ideia era simples: quem tem dinheiro para adquirir as fazendas brasileiras são os chineses e eles tem de alimentar uma imensa população.
Todavia, o governo chinês acaba de emitir um alerta para o que denomina de "investimentos irracionais" fora de suas fronteiras. Trata a aquisição de imóveis - urbanos ou rurais - como indesejáveis. A lista dos investimentos que chineses não devem desejar tem clubes esportivos (o Milan, da Itália, estava em fase final de venda para um grupo chinês), entretenimento, hotelaria e imóveis.
"Advertimos as empresas a tomar decisões com cautela", lê-se em um comunicado emitido pelo governo. "Os órgãos reguladores estão, também, seguindo atentamente a tendência irracional nos investimentos além das fronteiras", aponta.
O boom das aquisições no estrangeiro por empresas chinesas tem dificultado os esforços de Pequim em travar a fuga de capitais, o que levou à desvalorização do yuan (moeda chinesa). As reservas cambiais da China, as maiores do mundo, caíram US$69 bilhões só em novembro. É o quinto mês consecutivo de queda.
Agronegócio na China: o Brasil não vende, é comprado.
O agronegócio brasileiro está totalmente dependente da fome chinesa. Nada menos de 75% da soja brasileira foi levada para a China. O milho, o açúcar e a carne bovina encontraram obstáculos. O rigor nas aplicações das normas sanitárias e fitossanitárias pelas autoridades chinesas provoca súbitas interrupções do fluxo comercial desses produtos. Os analistas de mercado chamam a atenção para a existência de concorrentes de peso como os EUA, Europa, Austrália, Canadá e Tailândia. Especialmente para a Austrália, grande produtora de carne, que têm acesso preferencial ao mercado chinês. Todos esses países mantêm inúmeros escritórios de representação de empresas privadas ou de entidades do setor do agronegócio em Pequim. Por outro lado, a presença de escritórios brasileiros do agronegócio contam nos dedos de uma mão. O quadro é insólito. Um comércio de dezenas de bilhões de dólares jogados ao léu. Esperando a vontade dos chineses. Fingindo que não temos concorrentes. O Brasil não vende, é comprado.