As incógnitas da covId persistente em crianças
De repente, aquela criança tão inquieta deixa de correr. Aquele outro, tão bom aluno e sempre atento na sala de aula, perde a concentração e baixa o rendimento. Se cansam facilmente, fadigam, não prestam atenção, tem dores nas articulações e doenças gastrointestinais. Ou tudo isso de uma só vez. Assim se manifesta a covid persistente nas crianças. Uma amálgama de sintomas que persistem no tempo. A má noticia é que não há um tratamento protocolar e nem explicação.
Os cientistas não tem acordo nem sobre a prevalência.
A covid infantil se expande mais rápido que as pesquisas sobre ela. A comunidade científica nem sequer se colocou de acordo sobre sua prevalência - proporção de pessoas que a sofrem, comparada com a população total de referência. Há pesquisas que dizem que a prevalência é de 4%, mas há outras que demonstram que chega a 66%. Em suma, não sabem.
Não explicam para adultos e nem para crianças.
A OMS destacou uma definição para a covid persistente de adultos no fim do ano. Diz que é uma sintomatologia inespecífica e variada que arrastam pessoas que se infectaram pela covid por mais dois ou três meses após a infecção atingir o pico e que não se pode explicar com outro diagnóstico. De novo, disse que a covid persistente existe mas não tem explicação. Se para adultos que sabem verbalizar suas dores já é difícil, pior para as crianças. Fica ainda mais complicado porque as crianças podem passar a fase aguda da infecção sem apresentar sintomas.
Três estudos referenciais, nenhum conclusivo.
Os estudos suíços dizem que 4% das crianças que passaram pela covid, apresentavam sintomas mais de 12 semanas após a infecção. Tinham muito cansaço, mais necessidade de dormir e dificuldade de concentração. Os estudos vindos da Itália apontam um número elevadíssimo de covid persistente. Diz que 27% das crianças que tiveram covid apresentam sintomas após 120 dias. Os ingleses vão no sentido inverso: o percentual de crianças com covid persistente é baixíssimo. Os ingleses afirmam que só 1,8% terão a persistência dos sintomas. Só há uma saída plausível: vacinar as crianças. Ou preparem-se para a possibilidade de ver seus filhos sofrendo.