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Em Pauta

Chico Buarque e a nau da intolerância.

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/12/2015 07:43
Chico Buarque e a nau da intolerância.
Chico Buarque e a nau da intolerância.

Ao que parece, ao raiar o ano de 2016, o "espírito humano" não cessa de recair na embriaguez do fanatismo e da intolerância. Devemos tolerar os intolerantes, ainda que saibamos que a intolerância só serve para cobrir a Terra de chacinas? E quem seria uma melhor mestra de tolerância senão a civilidade, a filha da civilização? O Brasil necessita, urgentemente, de um jato contínuo de lucidez. Precisamos transcender as estreitezas que nos encerram os fanatismos dogmáticos e as intolerâncias homicidas. Há uma parcela importante da sociedade que procura atingir a liberdade de pensar. Está eivada de preconceitos batizados de verdade. Em qual manual de boa convivência está escrito que alguém não pode defender o PT? Só se for no "Mein Kampf". Podemos discordar das opiniões partidárias do Chico, mas a ele devemos render nossas homenagens por ter lutado bravamente, contra a ditadura, para que todos pudessem expressá-las. "Apesar de você, amanhã deve ser, um novo dia", quando a nau da intolerância naufragará nos mares da civilidade? Desta vez não ocupamos a mesma trincheira, mas, mesmo assim, obrigado Chico!

Chico Buarque e a nau da intolerância.
Chico Buarque e a nau da intolerância.

O surgimento do Natal.

A história do Natal, começa, na verdade, em torno de sete mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prosaico: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa noite em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das "trevas" para a "luz". O renascimento do sol. Esse era o tempo em que o homem deixava de ser um mero caçador e começava a dominar a agricultura. Sol era sinônimo de boas colheitas no ano subsequente. E então, faziam festa para comemorar o sol. Na Mesopotâmia (Irã, Iraque e Síria), essa celebração durava doze dias. Os gregos cultuavam Dionísio, o deus do vinho e da vida boa. Na China, cultuam até os nossos dias, o yin-yang, que representa a harmonia da natureza. A comemoração na Roma Imperial era uma soma de tudo isso. Os romanos cultuavam Mitra, o deus persa da luz. A data era o 25 de dezembro, festejavam o antigo e conhecido solstício de inverno. Seja como for, esse culto daria origem ao Natal dos dias atuais. Ele chegou à Itália lá pelo século 4 antes de Cristo, quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, os soldados romanos viraram devotos de Mitra. E essa divindade ganhou uma celebração romana: o festival do Sol Invicto. Todos trocavam presentes, se felicitavam e comiam até se empanturrar.

Chico Buarque e a nau da intolerância.
Chico Buarque e a nau da intolerância.

Começa o Natal cristão. O "pai do Natal".

Os cristãos constituíam uma ínfima minoria na Roma Imperial. O costume de então era o de apenas comemorar a data de morte dos líderes de qualquer religião ou política. As datas mais importantes para os cristãos eram as do martírio de Jesus: a Sexta-Feira Santa - crucificação - e a Páscoa - ressurreição. Ninguém fazia ideia de quando Jesus veio ao mundo (e até hoje não sabemos). Mas os cristãos desejavam amealhar novos fiéis e resolveram colocar uma celebração na mesma época da dedicada ao Sol Invicto.

Um historiador teve a ideia. Sextus Julius Africanus é o "pai do Natal". Foi esse historiador a fazer a proposta de comemorar o nascimento de Jesus Cristo no dia 25 de dezembro. A igreja aceitou a proposta. A partir do século 4 depois de Cristo, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império Romano, o festival do Sol Invicto começou a desaparecer e, em seu lugar, Jesus assumiu a forma da "luz que traria a salvação para a humanidade".

Chico Buarque e a nau da intolerância.
Chico Buarque e a nau da intolerância.

Então é Natal, encha a boca com o pernil ou o frango, e não discuta política.

Chico Buarque brigando na rua por causa do PT? Quem manda parar o mundo? Absurdo dos absurdos, está na hora de parar tudo, até as rotações planetárias. Está na hora de celebrar. Como diz o Xico Sá: "Quem não celebra, se quebra...". Tome uma, se jogue na muvuca, vá ao limite da irresponsabilidade, transgrida, depois ria de tudo. Risos, muitos risos. Discuta amor. Para quem perdeu o emprego, não espere o 2016 para procurar pelo saudoso carimbo do RH na carteira de trabalho. Para você viciado em WhatsApp, a breve suspensão dos serviços foi uma eternidade no Brasil e serviu para começar um novo campeonato: qual a mulher mais odiada do país? A dra. Sandra, juíza de S. Bernardo do Campo, que parou o WhatsApp ou aquela que quase todos pedem para ir para casa? Você que é Corinthiano, lembre-se de não falar de futebol com os torcedores do São Paulo. O "bicho" costuma pegar nas festas de fim de ano. Risos, amigos, é hora de brindes. Seja de champanhe Veuve Clicquot, Cydra Cereser ou Jurubeba Leão do Norte. Releve, fale pouco, encha a boca com o pernil ou o frango.

Chico Buarque e a nau da intolerância.
Chico Buarque e a nau da intolerância.

Movimento brasileiro de resistência, o grupo que pede golpe militar constitucional.

Eles têm uma interpretação particular da Constituição, entendem que os militares possam retornar ao poder atendendo as leis. E o mais incrível: "dentro da democracia". Conforme esse grupo, teríamos uma ditadura-democrática-constitucional. Alguém entendeu? Nem, o Comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas. O general ironizou o grupo: "Eles pedem intervenção militar constitucional" (risos). No Facebook, eles obtiveram mais de 10 mil curtidas e na página que organizaram, o alvo principal são os comunistas do mundo todo. O mais importante comunista seria Barack Obama, presidente dos Estados Unidos. Outros inimigos a serem combatidos são os defensores de direitos humanos. O "gayzismo" (que seria uma ideologia semelhante ao nazismo) é o outro alvo de suas batalhas. O Movimento conseguiu montar três barracas em frente ao Comando Militar em São Paulo denominadas de Posto Revolucionário 1, mas quando indagados sobre o posto 2, afirmam estar em fase de planejamento. Apesar da precariedade, os cinco membros do grupo, dizem que receberam as visitas do ator Alexandre Frota e do cantor Lobão. "Intervenção Militar Já" é o seu lema.

Chico Buarque e a nau da intolerância.
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